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O segurança João Alexandre Rodrigues, de 43 anos, e a mulher dele, Eliana Aparecida Antunes Rodrigues, de 36 anos, foram condenados pela morte e esquartejamento de dois meninos, um de 12 e outro de 13 anos. A sentença foi anunciada pelo juiz no final da tarde desta quinta-feira (16) no fórum de Ribeirão Pires, no ABC.

O segurança foi condenado a 67 anos, um mês e dez dias de reclusão por duplo homicídio e a mulher, a 59 anos, seis meses e 20 dias pelo mesmo crime. Agravaram as penas dos dois quatro qualificadoras (motivo torpe, meio cruel, ocultação de cadáver e dificlutar a defesa das vítimas).

O crime foi cometido no dia 5 de setembro de 2008, no mesmo município. As vítimas, Vitor e João Vitor, eram filhos do segurança e enteados da mulher. O julgamento teve início na quarta-feira (15), quando ocorreram os depoimentos das testemunhas de acusação e de defesa e dos réus.

O juiz decidiu suspender a sessão às 20h após o pai das crianças prestar depoimento no fórum. Antes dele, a madrasta das vítimas assumiu que ajudou a esquartejar os dois enteados, de 12 e 13 anos.

Nesta quinta, o júri foi retomado para a realização dos debates entre acusação e defesa. O promotor Abner Castorino, que iniciou os debates, apresentou uma carta escrita por um dos garotos e emocionou o júri composto por sete mulheres. A carta foi escrita por João Vitor, o garoto mais velho, quando ele estava no abrigo sob cuidados do Conselho Tutelar. O adolescente fala de seus sonhos.

"Queria ter uma vida tranquila. Queria ter minha mãe. Queria ver meu avô. Queria ser policial. Queria amar os outros e não ter inveja. Queria ter Deus no coração. Queria ter uma bicicleta", dizia a carta, de acordo com o promotor. Uma das juradas não conteve as lágrimas. Os garotos de 12 e 13 nos ficaram abrigados durante cerca de oito meses e retornaram a casa da madrasta em janeiro de 2008.

Logo depois, os advogados de defesa do segurança sustentaram a tese de que o assassinato dos filhos dele não foi intencional. Na tese da defesa, ele foi omisso e negligente como pai e usou o saco plástico na cabeça de uma das crianças apenas para aplicar um corretivo. A Promotoria diz que o outro saco plástico foi colocado na cabeça do outro garoto pela madrasta.

Em um primeiro momento, o advogado Antônio Gonçalves contou que o segurança é filho de um militar, o que justificava uma postura mais rígida e severa na relação com os filhos.

Posteriormente, o outro advogado, Reynaldo Fransozo Cardoso, citou cenas do filme 'Tropa de Elite' para mostrar que "sacos plásticos [na cabeça] e tapas na orelha" podem ser utilizados com o intuito de aplicar corretivos e não matar.

Depoimentos

Em seu depoimento, o pai dos meninos negou ter assassinado os filhos e disse que confessou o crime na época por ser pressionado pela polícia. Já Eliana Rodrigues afirmou que o seu marido e pai dos menino ameaçou matar o filho dela de outro relacionamento caso ela não ajudasse. "Ele falou que se qualquer coisa desse errado, ele mataria o Thiago [filho dela]", disse a suspeita.

Eliana contou que o marido utilizou sacolas plásticas para asfixiar os dois jovens e pediu que ela trouxesse lençóis e querosene. "Quando cheguei na cozinha, vi o João Vítor ao lado da geladeira e o Igor no chão. Levei [a querosene] para ele lá nos fundos da casa. Ele jogou querosene, riscou o fósforo e jogou nos meninos."

"Os corpos carbonizaram e ele me mandou pegar uma faca na cozinha. Ele me deu a faca e pediu para tirar os órgãos do menino e jogar no balde. Depois eu não vi mais os órgãos dentro do balde, não sabia onde estavam." Eliana contou que os pedaços dos corpos dos meninos foram colocados em cinco sacos plásticos. Dois foram deixados em ruas próximas e três em frente à própria casa.

De acordo com o delegado que prestou depoimento antes dela como testemunha, as vísceras das crianças foram encontradas no sistema de esgoto da casa.

Contra a madrasta, além das acusações de homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual, recai também uma acusação de que ela teria estimulado a saída dos garotos de casa, dias antes do crime. As crianças, ao serem encontradas perabulando em uma praça, disseram ter recebido dinheiro da madrasta para que eles fossem encontrar a mãe biológica.

O promotor também mostrou as fotos da reconstuição do crime, a faca e a foice utilizadas para matar e esfaquear as crianças. A mãe das crianças acompanhou o segundo dia de julgamento e a leitura da sentença.

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