Menina caiu do 6º andar de prédio
A morte da menina Isabella Nardoni, que chocou o país, aconteceu no dia 29 de março de 2008. A garota, de cinco anos de idade, caiu do sexto andar do prédio onde moravam seu pai, Alexandre, e a madrasta, Anna Jatobá, em São Paulo. A suspeita é de que a menina tenha sido asfixiada ainda dentro do apartamento e depois atirada pela janela. Uma tela de proteção existente na janela foi rompida.
Rio de Janeiro - O julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá começou ontem com revés para os acusados. Uma testemunha que não era encontrada apareceu por conta própria, surpreendendo até a defesa, e o juiz Maurício Fossen, que negou os pedidos de nulidade formulados pelo advogado Roberto Podval, deu início aos trabalhos com duas horas de atraso, às 15 horas.
Podval reiterou os mesmos pedidos feitos no mês passado em habeas corpus entregue ao Tribunal de Justiça de São Paulo simulação das teses sustentadas pela defesa; comparação da tela retirada da janela do apartamento do casal com a usada pela perícia; reexame dos lençóis e contraprova do sangue do casal. Entre as solicitações estava ainda levar o júri para conhecer o Edifício Residencial London, na Vila Isolina Mazzei (zona norte de São Paulo), onde morreu Isabella Nardoni em março de 2008. A defesa queria ainda repetir a reconstituição do crime.
Anteriormente, o desembargador Luís Soares de Melo já havia indeferido os pedidos da defesa, por não vislumbrar nenhuma irregularidade na perícia oficial. A defesa do casal também solicitou a transmissão do júri pela tevê, o que foi negado por Fossen.
Desistência
Das 23 testemunhas arroladas pela defesa e pela acusação, sete acabaram dispensadas. Um dos dispensados foi o investigador Luiz Alberto Spinola. Chefe dos investigadores do 9.º Distrito Policial, Spinola ficou decepcionado por nãos ser ouvido. "Gostaria de ficar só para detonar esse casal", afirmou. "Não conheço um advogado que entenda o motivo da minha convocação. Na minha opinião era um suicídio para a defesa."
O policial disse ainda que os advogados do casal se surpreenderam com a apresentação do pedreiro Gabriel dos Santos Neto, tido como uma das mais importantes testemunhas da defesa. Ele trabalhava como pedreiro em uma obra vizinha ao London e, na época do crime, declarou à polícia que o canteiro havia sido invadido por um ladrão no dia do crime. Diante das dificuldades em intimá-lo, o advogado Podval cogitou pedir o adiamento do júri. "Ele ficou sabendo do julgamento pela televisão, tomou um ônibus na Bahia e se apresentou espontaneamente no Fórum", contou Spinola. "Isso quebrou as pernas da defesa do casal."
O depoimento mais aguardado do dia, o de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, foi ouvido ainda ontem. Ela chorou quatro vezes enquanto falava. Em seu testemunho, confirmou a acusação contra o casal. O julgamento deve ser retomado hoje pela manhã.
Próximos passos
Apesar da demora inicial, acredita-se que os trabalhos sejam concluídos nesta semana. Depois da fase dos depoimentos, será a vez dos debates entre a acusação e a defesa. Cada um terá o direito de falar por duas horas e meia. Se a promotoria quiser, poderá usar mais duas horas para réplica, o que automaticamente dará direito à defesa de usar o mesmo tempo para tréplica.
Terminado o debate, os jurados serão questionados pelo juiz se têm condição de julgar o caso e se querem alguma explicação. Se o júri responder que sim, todos passarão à sala secreta e decidirão o destino do casal. Em caso de condenação, dificilmente os réus terão o direito de recorrer em liberdade. Se forem absolvidos, o juiz Maurício Fossen terá de emitir um alvará de soltura ao término da sessão.
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