Três crianças romenas, de 2, 4 e 7 anos de idade, foram encontradas ontem trancadas num quarto de hotel em frente do Terminal Guadalupe, no centro de Curitiba. Os pais só apareceram três horas depois para reclamar os filhos, já no Conselho Tutelar. Terezia Munteun e Radu Anghel, de 24 e 26 anos, estavam em situação irregular no Brasil. Foram presos pela Polícia Federal e serão deportados em 30 dias para a Romênia. A Justiça brasileira estuda a conveniência de enviar ou não as crianças junto com os pais.

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Elas foram encontradas sozinhas no quarto, às 15h50 de quinta-feira, logo após o início da operação integrada do Conselho Tutelar com as polícias Civil e Militar, a Fundação de Assistência Social e as secretarias municipais de Saúde e Urbanismo, realizada duas vezes por semana. Para os conselheiros tutelares o trabalho só terminou 24 horas depois, com a prisão dos pais e a inclusão das vítimas num abrigo local. O casal foi autuado por abandono de incapaz, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Numa mistura de romeno com espanhol e português, os pais alegaram à polícia que fizeram uma saída rápida para comprar comida. Contudo, o filho mais velho do casal disse à conselheira tutelar Angeline Olivetti Gruba que eles estavam trabalhando, mas não sabia onde. "Fiquei ali durante uma hora e eles não apareceram", diz Angeline. As crianças foram levadas para a sede do Conselho, após informar a direção do hotel. Passadas três horas a mãe apareceu; o pai, só depois de cinco horas.

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Na ausência dos pais, outro casal romeno quis acompanhar as crianças até o conselho. Argentina Anghel, 20 anos, e Sorin Sava, 22 anos, amigos de Terezia e Radu, estavam hospedados no mesmo hotel e viram o desespero dos pequenos. Eles têm uma filha de 2 anos nascida no Brasil, o que garante a eles o direito de permanência no país. Dos três filhos de Terezia e Radu, os dois maiores nasceram na Romênia e a caçula, na Argentina.

Foi só com a chegada dos pais que a conselheira tutelar Áurea Martins percebeu a irregularidade nos documentos. Chamou a Polícia Federal (PF), que investigou os dois e os prendeu. Terezia e Radu informaram que haviam chegado naquela madrugada em Curitiba, vindos de São Paulo. A PF suspeita que eles tenham entrado no Brasil possivelmente pela fronteira com a Bolívia, na região do Acre ou Rondônia.

Antes de chegar a Curitiba, eles perambularam por várias cidades, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Terezia tem passagem por furto na polícia carioca e teria de se apresentar uma vez por semana à polícia de lá. Radu já teve problemas (ainda não esclarecidos) com a Justiça na capital catarinense. Eles não têm residência fixa nem parentes no país. As crianças ficarão num abrigo em Curitiba até a Justiça decidir se eles irão ou não junto com os pais deportados.

Este não foi o primeiro atendimento a criança romena em situação de risco em Curitiba. Depois de trabalhar 24 horas neste caso, com um intervalo de apenas quatro horas e meia para dormir, o conselheiro tutelar Rechier Alexandre Sudário recorda que há exatamente um ano um romeno de 28 anos colocava o filho de 5 anos para mendigar junto com ele na esquina da Rua Presidente Carlos de Carvalho com a Barão do Cerro Azul, perto da Junta Comercial do Paraná. Por meio de denúncia anônima, o Resgate Social da prefeitura abordou o estrangeiro e o conduziu ao Conselho Tutelar.

Depois de retirar um documento provisório no consulado da Argentina, possível graças à sua segunda nacionalidade, o romeno ganhou da prefeitura uma passagem dupla de ônibus até Porto Alegre, de onde seguiria para Buenos Aires. A passagem internacional ele já tinha comprado.

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