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Aventura

Casal transforma viagem em expedição pelas Américas

Trocar uma viagem de avião de menos de um dia de duração por uma aventura de quatro meses dentro de uma van foi a escolha de dois curitibanos para tornar o retorno de um ano de intercâmbio nos Estados Unidos inesquecível. O estudante universitário Henrique Negrão da Costa Porto, de 27 anos, e a nutricionista Paola Fernanda Martins Bueno, de 26 anos, chegaram em casa no dia 21 de agosto – exatos quatro meses e 24 mil quilômetros depois de partir de Utah, no Oeste norte-americano, para uma viagem que percorreu 12 países – México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Argentina.

"Ficamos quase um ano fazendo pesquisas e juntando dinheiro para preparar a viagem. Certamente valeu muito à pena todo esse trabalho", resume Paola. A idéia da viagem surgiu de um sonho antigo de Henrique, que pretendia fazer a aventura de moto. "Se não fosse o empenho dela, certamente não teríamos viajado. Eu tinha vontade, mas ao mesmo tempo tinha preguiça de providenciar tudo que a viagem pedia", conta o companheiro.

Numa perua ano 90, comprada de ingleses que fizeram uma viagem do Canadá até a Califórnia, Henrique e Paola não só percorreram as rodovias da América Central e América do Sul, como preparavam as refeições e dormiam. "O carro já era todo adaptado, inclusive com fogão e geladeira. Na estrada, como ponto de parada, ficávamos em postos 24 horas, onde tomávamos banho", diz ela.

A recepção acolhedora dos moradores das cidades que visitavam, principalmente na América do Sul, foi uma das coisas mais marcantes da viagem, segundo a nutricionista, que tem planos de deixar a carreira para trabalhar com a divulgação do turismo na América Central. "A gente chegava e pedia para ocupar o terreno da casa para estacionar o carro e ficar acampados ali. Mas eles mandavam a gente entrar e ficar na casa, nos davam pouso sem mal nos conhecer", afirma, surpresa, a aventureira.

Nas contas do casal, a viagem toda custou cerca de oito mil dólares, incluindo gastos com a compra e consertos do carro. "Tudo que juntamos trabalhando lá, investimos neste retorno para casa", conta Henrique. Não foi tarefa fácil arrecadar o dinheiro: ele trabalhou como faxineiro, atendente de bar e recepcionista; ela, além de também iniciar a temporada de intercâmbio fazendo faxina, foi garçonete e vendedora. "Quando viajamos para os Estados Unidos, fomos para perto de Nova Iorque, mudamos para a Califórnia, onde compramos o carro e depois, como não estávamos conseguindo juntar dinheiro suficiente, mudamos para Utah, onde havia mais trabalho", relembra o estudante.

Praticamente toda a viagem foi feita de carro, com exceção apenas para o trajeto entre o Panamá e a Colômbia, quando a van foi enviada por navio e a dupla conseguiu uma carona inusitada em um veleiro para duas pessoas. "Encontramos no Panamá dois brasileiros que estão subindo a América de bicicleta, até o Alasca. Eles haviam pegado carona de veleiro para chegar ao Panamá com um rapaz de Honduras. A coincidência foi que eu estava vendo no meu computador as fotos que eles tiraram na viagem e um rapaz que estava passando viu sua foto com o casal e me abordou. Ele já estava voltando e acabou dando carona para a gente até a Colômbia", relata Henrique.

Paola conta que a viagem serviu principalmente para ela conhecer um modo de vida mais simples e feliz. "Eles cultuam a natureza e agradecem à ela por tudo que recebem. São pessoas que vivem com uma quantidade reduzida de água e sem água quente em casa. A gente perde tanto tempo no computador e no telefone e nem percebe o que quanto está deixando de aproveitar", avalia.

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