Com apenas dois anos e meio de idade, a pequena Naila já percorreu, de bicicleta, sete países em dois continentes Alemanha, França, Espanha, Argentina, Chile, Uruguai e Brasil , o que lhe confere um passaporte mais carimbado do que o de muito mochileiro barbado. Tudo isso antes mesmo de ter aprendido a pedalar com as próprias pernas. Filha do professor alemão Christian Riedke e da turismóloga espanhola Olga Avila Martorell, a menina está na estrada com os pais há quase um ano e cresce tendo o mundo como seu quintal.
A bicicleta está ligada intimamente à história de amor do casal. Juntos, já rodaram o mundo, pedalando por 18 países na África, três na Europa, cinco na Ásia e 11 na América Latina em uma viagem que durou quatro anos. Após a grande aventura, em 2009, voltaram para a realidade: rotina, trabalho e contas para pagar.
Em seguida, veio Naila e, com ela, a promessa de pedalarem o mundo com a filha. "O difícil é coragem para quebrar as amarras e sair. Depois que começa, tudo fica mais fácil. Também há dificuldades na vida em casa", justifica Olga.
Cada um carrega mais de 50 quilos de equipamentos nas bicicletas. A maior, uma tandem aquela bicicleta para duas pessoas foi adaptada pelo pai para acomodar a cadeirinha da criança. A mãe ajuda e também pedala com os alforjes lotados.
Orgulhoso, Riedke conta que Naila praticamente sabe montar sozinha uma barraca de acampamento. "Ela ama camping. A barraca é a casa dela", complementa Olga.
De fato, tudo é encarado como uma grande brincadeira. Na barraca, Naila brinca de casinha. Com os utensílios de cozinha usados para preparar as refeições dos viajantes , ela prepara a comidinha imaginária para as duas bonecas de pano, que ganhou de presente de uma família enquanto passavam pela Argentina.
Rotina
A família pedala no máximo quatro horas por dia. Quando não está dormindo na cadeirinha, o pai mostra a Naila as paisagens e atrativos dos locais por onde passam: a vaca, o passarinho, a árvore ou a praia acabam sendo mais interessantes que qualquer episódio da Galinha Pintadinha. Quando está entediada ou irritada, é hora de recorrer ao repertório de canções infantis para acalmá-la.
E de país em país, de cidade em cidade, a menina vai aumentando a sua bagagem. O vocabulário é limitado como o de qualquer criança de 2 anos , mas, tecnicamente, a menina fala e entende quatro idiomas: o catalão da mãe, o alemão do pai, além do espanhol e algumas palavras que aprendeu em português durante a viagem. "Para ela tudo é mágico. Essa é uma fase muito importante da vida, onde a criança começa a descobrir o mundo. Estamos proporcionando isso para a Naila de uma maneira muito especial", afirma o pai.