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Morar em uma casa de estudantes universitários em Curitiba deveria representar um alívio para o aluno que vem de outras cidades ou estados e não têm muitos recursos. No entanto, a mensalidade mais em conta não é suficiente para tranqüilizar os estudantes, obrigados a conviver com mobília precária, vazamentos, problemas na rede elétrica e rachaduras em paredes. Moradores das cinco casas da capital protestam hoje, na Praça Santos Andrade, pedindo verbas para reformas e mais atenção ao estudante carente.

"O chão do refeitório está praticamente cedendo", reclama a estudante Fernanda Pereira de Souza, que mora no Lar da Acadêmica de Curitiba (LAC). A estudante de Arquitetura da Universidade Federal do Paraná (UFPR) conta que a cerca elétrica da casa não funciona, há vidros quebrados e as instalações elétrica e hidráulica precisam ser trocadas urgentemente. A atual presidente do LAC, Gabriela Hayashida, diz que a diretoria anterior fez um levantamento e concluiu que seriam necessários R$ 80 mil para resolver os problemas do local. "Como isso já foi há algum tempo, hoje o valor deve ser um pouco maior", estima. Na Casa do Estudante Nipo-Brasileiro de Curitiba (Cenibra), há uma rachadura na parede da lavanderia, afirma Lucas Machado Rodrigues.

Uma reclamação comum dos diretores das várias casas é a mobília, que em alguns casos é da época em que os locais foram inaugurados. Na Casa da Estudante Universitária de Curitiba (Ceuc), a sala de estudos está praticamente inviável, segundo Ana Paula Benedetti, estudante de Nutrição da UFPR: "não temos mais mesas ou cadeiras boas", afirma, acrescentando que já houve casos de camas que desmontaram sozinhas. Na Casa do Estudante Luterano Universitário (Celu), os móveis são uma das três prioridades quando se fala de reforma, diz o vice-presidente, Flávio Vieira de Farias. Às vezes, a generosidade dos ex-moradores ameniza o problema, já que alguns deles deixam camas e colchões quando terminam a faculdade.

Na maioria das casas, o pagamento de mensalidades é hoje a única fonte de renda. A LAC teria algumas centenas de reais a mais por causa dos outdoors localizados no espaço da casa, mas Gabriela diz que a empresa que explora os painéis tem atrasado os pagamentos. As contas de água e luz da Ceuc são pagas pela UFPR, dona do prédio onde as meninas moram e uma reforma parcial feita no início do ano só foi possível por causa de uma emenda parlamentar da deputada federal Doutora Clair (PT), ex-moradora da casa. Quando as obras terminaram, em março, o pró-reitor de Administração da UFPR, Hamilton Costa Júnior, disse que a universidade já tinha os R$ 300 mil necessários para substituir as esquadrias da casa. Mas, segundo Ana Paula, até hoje nada foi feito. Depois de vários episódios de vidros caindo na calçada, tapumes garantem a segurança de quem passa pelo local.

Além do dinheiro para as reformas, os estudantes também pedem maior assistência. "No Rio de Janeiro, por exemplo, os estudantes que moram nas casas, de graça, também ganham bolsas", diz Ana Paula. Outra reivindicação é a permissão para todo morador das casas, independentemente da faculdade onde estuda, poder almoçar no refeitório universitário da UFPR pagando R$ 1,30. Nenhum diretor da Casa do Estudante Universitário do Paraná (CEU), a maior das residências estudantis da capital, foi encontrado para comentar os problemas que a casa enfrenta.

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