O juízo da 35ª Vara Criminal do Rio de Janeiro retoma nesta sexta-feira (11), às 13 horas, a audiência de instrução e julgamento dos 25 policiais militares acusados de tortura e morte do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, na Favela da Rocinha, zona sul da cidade. A sessão será na sala da Central de Assessoramento Criminal (CAC), no Fórum Central. Sete réus já foram interrogados até o momento. Na audiência passada, realizada na quarta-feira (9), foram ouvidos os soldados Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinicius Pereira da Silva e o sargento Jairo da Conceição Ribas. Todos os réus citados são acusados dos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha.
Na audiência de quarta-feira, o policial militar Marlon Campos Reis negou ter ligado para a Divisão de Homicídios (DH) se passando por um traficante conhecido como "Catatau", sugerindo que a morte de Amarildo tenha sido uma ação do tráfico. Ao longo do depoimento, Marlon confirmou que estava no carro da PM que abordou a vítima junto ao policial Douglas Roberto Vital Machado. Segundo o PM, os dois foram verificar uma denúncia de que haveria bandidos armados na rua em que Amarildo estava. Ele afirmou que, após ter sido conduzido à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, Amarildo saiu do local ao ser liberado pelo major Édson Raimundo dos Santos, ex-chefe da UPP.
Crime aconteceu em julho
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza teria sido levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no dia 14 de julho do ano passado. As investigações apontam que o ajudante de pedreiro morreu e teve o corpo ocultado após ser torturado para revelar o esconderijo de armas do tráfico local. A sessão de tortura aconteceu atrás de contêineres que servem de base à UPP da Rocinha. Dos 25 policiais militares denunciados, 13 já estão presos, entre eles o major Édson Santos.
Os interrogatórios começaram em 20 de fevereiro deste ano. Na ocasião, o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da Divisão de Homicídios (DH), disse que "podem existir outros Amarildos". Segundo Barbosa, os policiais da UPP da favela já praticavam ameaças e torturas contra outros moradores. Durante o depoimento, Barbosa admitiu que houve falhas na investigação do crime. Ele afirmou que o local em que Amarildo teria sido torturado por policiais, atrás dos sede da UPP, não foi periciado. O delegado disse ainda que o major Édson Santos autorizou a tortura do ajudante de pedreiro.
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