O advogado Ércio Quaresma, que fazia a defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, um dos acusados da morte da modelo Eliza Samudio, abandonou o plenário do Fórum de Contagem, em Minas Gerais, onde está sendo realizado o julgamento dos envolvidos no crime, na tarde desta segunda-feira (19) .
"Antes de sermos alijados da tribuna, gostaríamos de deixar claro aos jurados que é impossível a realização de um julgamento justo", disse o advogado, momentos antes de deixar o local. "Tenham todos um bom dia, um bom trabalho", finalizou. Com o abandono da equipe de defesa, composta por três defensores, Bola foi anunciado como indefeso pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que preside o júri.
Quaresma disse que Bola, acusado de ser o executor de Eliza, não aceita ser defendido pela Defensoria Pública. No início do julgamento, o advogado causou tumulto. Primeiro exigiu que tivesse acesso às mídias anexadas ao processo. E ainda determinou que eles fossem vistas em um dos seis computadores trazido por ele ao plenário. A juíza Marixa Fabiane Rodrigues questionou, dizendo não ter certeza se ele copiaria ou não as peças do processo.
Segundo a juíza, as imagens de mídias foram disponibilizadas desde o começo do processo aos advogados de defesa e de acusação. A juíza completou afirmando que apenas os vídeos das oitivas das testemunhas não foram autorizadas a ser copiados para manter a integridade das testemunhas.
O bate-boca continuou com o advogado afirmando que estava baseado na lei para ter direito ao acesso às mídias. A juíza afirmou que ele teve todo o tempo do mundo para questionar o fato. Ele rebateu afirmando que ela não poderia ter o direito de dizer em qual tempo ele poderia ou não ter acesso às mídias. Ela então disse que o tempo dele estava encerrado e cassou a palavra dele.
O julgamento do goleiro Bruno de Souza e outros quatro acusados da morte da modelo Eliza Samudio teve início por volta das 10h desta segunda-feira no Fórum de Contagem, em Minas Gerais. O início dos depoimentos demorou devido ao atraso de testemunhas. O corpo de jurados formado por sete homens e 13 mulheres decidirá o destino do ex-atleta e dos réus Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; Dayanne Rodrigues, com quem Bruno tem duas filhas; e Fernanda Castro, ex-namorada dele, acusados de sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação de cadáver. Todos negam participação. O julgamento deve durar dez dias.
Sete jurados, que tinham conhecimento do processo e participaram da audiência anterior, foram dispensados pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. O sorteio dos novos jurados terminou por volta de meio-dia. Trinta pessoas devem ser ouvidas sobre o caso.
O goleiro Bruno, Macarrão e Dayanne Rodrigues chegaram ao fórum por volta das 8h. O comboio com os réus Bruno e Macarrão chegou pela porta dos fundos. Já Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada de Bruno, chegaram atrasados ao local.
A noiva do goleiro, Ingrid Calheiros, chegou às 7h58m ao Fórum bastante sorridente. Vestida de preto, ela não falou com a imprensa e entrou rapidamente no prédio. Francisco Simim, advogado de Bruno, chegou mostrando otimismo. Ele disse esperar que este "seja um júri onde a lei seja cumprida" e disse todo o processo está sendo conduzido por "pessoas elegantes".
Rui Pimenta, advogado de Bruno, disse que o goleiro não pode ser julgado por homicídio, pois existem provas de que Eliza Samudio está viva, em um país europeu. Ele disse ainda que vai pedir a nulidade do julgamento do seu cliente. Segundo o advogado, a formatação do julgamento está uma bagunça, fazendo críticas duras à juíza titular do Fórum de Contagem, Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. Pimenta questiona o fato de cinco réus estarem sendo julgados no mesmo julgamento. Para ele, as defesas são conflitantes.
"Por exemplo: se houve o crime, o meu cliente não sabe. O Macarrão ( Luiz Henrique Ferreira Romão) e o Bola (o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos) deveriam ser julgados em outras condições. Teria que julgar, primeiro, o Bruno. Inocente? Inocente. Então, passava-se para o julgamento dos demais. A defesa do Bruno está aguardando o final desse julgamento para decretar a nulidade", disse Rui.
O advogado Zanone de Oliveira Júnior, que defende o Bola, também disse fora da sala do júri que vai entrar com um habeas corpus para anular o julgamento. Ele alega que a decisão de dispensar os sete jurados que absolveram o Bola não tem fundamento legal e que a lei não diz que eles não podem julgar os dois casos.
Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, chegou ao fórum, por volta das 9h15m. Ela conseguiu a guarda definitiva de Bruninho, filho de Eliza e do goleiro Bruno, no dia 30 de maio de 2012. "Eu confio na Justiça, na condenação de todos os réus. Eu quero os restos mortais da minha filha - disse a mãe de Eliza Samudio", ao G1.
Enquanto no plenário os olhos estão voltados para a movimentação da juíza, de promotores e de advogados, em frente ao Fórum de Contagem entidades feministas fazem protesto. Dezenas de mulheres carregam cartazes e faixas com nomes de mulheres mortas por companheiros. Uma delas segura uma cruz com o nome de Eliza Samudio.
Outro grupo faz manifestação em defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de homicídio duplamento qualificado e ocultação de cadáver.
O esquadrão anti-bomba fez uma varredura no entorno do Fórum de Contagem antes do início do julgamento. A polícia fez um isolamento de quatro quarteirões ao redor do local onde é realizado o júri popular dos acusados do desaparecimento e morte da modelo.
Advogados discutem antes do julgamento começar
Antes mesmo de o julgamento começar, os advogados Ércio Quaresma, que defende Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e Rui Pimenta, que representa o ex-atleta, bateram boca sobre a cadeira que os dois deveriam ocupar. Quaresma acusou Rui de ter sentado em sua cadeira e pediu providências à juíza Marixa Fabiane Rodrigues, que preside o julgamento:
"Doutora, tinha lugar marcado no plenário? Porque eu estava sentado naquela cadeira e ele pegou o meu lugar". A magistrada interveio: "Doutor Rui, o lugar estava ocupado pelo doutor Quaresma. Os pertences dele estavam lá. O senhor é um advogado muito elegante e não vai se deixar levar por isso. Eu vou dar cinco minutos para os senhores entrarem em um acordo ou eu vou ter que resolver", disse ela.
Rui Pimenta, então, deixou a cadeira e sentou-se em outro lugar. Marixa aprovou a conduta: "Fico feliz que vocês resolveram, até para não ter que intervir em uma questão tão pequena", disse a magistrada.
Com o término da discussão sobre o lugar, Ércio Quaresma passou a queixar-se da falta de uma extensão para ligar os computadores dos seis advogados que defendem Bola à tomada.
Mãe de Eliza diz que sentiu revolta e mágoa
Arrolada como testemunha de defesa de um dos réus acusados de envolvimento no assassinato de sua filha, a mãe de Eliza Samudio, Sônia Fátima Moura, chegou a Belo Horizonte no sábado, depois de duas noites sem dormir direito. Ao ter acesso, segundo ela, ao processo na íntegra, pela primeira vez, Sônia, que dizia antes não sentir mágoa do ex-goleiro Bruno, um dos acusados, mudou de postura:"Senti muita revolta e mágoa por tudo o que soube. Não tinha conhecimento até ontem. Quando minha filha se separou do Bruno, ele tinha sempre um chamariz para atraí-la. Ou por amigos em comum ou de outras formas. O Bruno atraiu a minha filha para a morte.Quero olhar nos olhos dele", disse a mãe de Eliza.
Desde sábado, ela diz estar tomando dois tipos de calmantes. Sônia conta ter chorado muito ao ler o processo, ao lado de assistentes da acusação. Fora de casa, no Mato Grosso do Sul, está hospedada na casa de um dos seus advogados de acusação, em Belo Horizonte. Ela garante não ter dúvidas de que Bruno arquitetou o crime contra sua filha. Por ser testemunha, ela não sabe se poderá acompanhar o julgamento no plenário, mas planeja.
"Eu quero olhar nos olhos do Bruno para ver se ele tem coragem de me encarar", diz.Sônia afirma que não tinha tido acesso aos fatos do processo para tentar se preservar."Eu estava muito debilitada, mas, no sábado, os advogados disseram: "Você tem que ter acesso ao processo". Foi então que soube de como minha filha tentou escapar várias vezes dele", contou. Ela já tinha feito dois ou três registros de ocorrência contra o Bruno.
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