Com a proximidade do julgamento do goleiro Bruno Fernandes, a defesa dos réus acusados de envolvimento na morte de Eliza Samúdio tenta, em vão, adiar o início da sessão, marcado para a próxima segunda-feira (19) no Tribunal do Júri de Contagem, onde a ação penal tramita desde julho de 2010.
Diante das manobras protelatórias, sobrou para o ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão petista no Supremo Tribunal Federal (STF), apreciar e negar na noite desta quarta-feira um recurso apresentando pelo advogado do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor do assassinato de Eliza Samúdio, amante do goleiro do Flamengo na época.
No pedido de reclamação, o defensor do réu queria a suspensão imediata do início do julgamento. A alegação apresentada é que Bola teve o direito de defesa cerceado pela juíza do caso. Ele sustentou não ter tido acesso às cópias dos depoimentos das testemunhas gravados em áudio e vídeo. Barbosa, no entanto, considerou que não houve impedimento de acesso às provas, mas apenas a fixação de regras para consultas.
Durante a fase de instrução do processo, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues já havia negado o acesso das mídias com os interrogatórios dos acusados. A magistrada entendeu que, por se tratar de um processo com grande repercussão, as cópias eletrônicas só poderiam ser fornecidas com o consentimento das testemunhas.
Em seu despacho, a juíza fez questão de salientar que todo material referente ao processo está a inteira disposição dos advogados e das demais partes desde o início da tramitação da ação penal.
"Concessa maxina venia, tolheu a juíza de primeiro grau acesso a prova audiovisual amealhada no sumário de culpa, utilizando-se do pueril fundamento do direito de imagem das testemunhas, o que atinge as raias do absurdo", alegou a defesa de Bola na petição endereçada ao STF.
Ao fim da sessão desta quarta-feira do julgamento do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa negou o pedido.
A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues analisa ainda pedido feito pelo Ministério Público (MP) para tomar o depoimento primo do goleiro Bruno, menor de idade à época do crime, por meio de videoconferência. O jovem, atualmente com 19 anos, foi incluído na lista de testemunhas protegidas pela Justiça. Para o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, o rapaz corre risco. Foi ele quem apontou a casa de Bola como sendo o local onde Eliza foi estrangulada, esquartejada e, depois, teve alguns dos pedaços do corpo jogado para cães da raça rotwailler.
Por ter fornecido os detalhes do crime, ele é considerado testemunha chave. Até o momento, o depoimento dele foi substituído pelo da delegada Ana Maria dos Santos Paes da Costa. Durante a fase de investigação, foi Ana Maria quem interrogou o primo de Bruno. Na terça-feira, a defesa do goleiro havia anunciado ter solicitado o depoimento do menor. Mas até a noite desta quarta-feira a petição não havia sido protocolada no Tribunal de Justiça.
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