- TJ nega recurso e Carli Filho pode ir a júri popular ainda neste ano
- Por unanimidade, TJ decide que Carli Filho irá a júri popular
- Carli Filho renuncia ao mandato
- Carro de Carli Filho "decolou" dez metros antes de bater
- Carli Filho pode voltar a dirigir se quiser
- Carli Filho espalha outdoors para agradecer orações
Há seis anos, um acidente de trânsito na madrugada de uma quinta-feira tirou a vida dos jovens Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20 anos. No outro carro estava o então deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que ficou um mês internado em hospitais para tratar os ferimentos. Carli Filho renunciou ao cargo no legislativo estadual pouco tempo após o acidente. No embate entre a defesa e acusação, o caso se arrasta na Justiça e, até agora, não há previsão de quando será o julgamento.
A família Yared se pronunciou sobre o assunto nas redes sociais nesta quinta-feira (7). A mãe de Gilmar, a deputada federal Christiane Yared, escreveu um breve desabafo. “Vivemos a mais infame de todas as guerras, que tem levado a vida de milhares de brasileiros, e deixado o solo da nossa nação banhado em lágrimas, pois só nos restam lágrimas”, lamentou. Ela relembrou a madrugada em que foi avisada do acidente envolvendo o filho. “Gritamos todos os gritos, choramos todas as dores, vivemos a revolta, a aceitação e a saudade. Nossos sonhos desfizeram-se diante dos nossos olhos”, disse.
Já o pai do rapaz, Gilmar Yared, acredita que é possível mudar a realidade do trânsito violento no país. “O dia 7 de maio nos faz reviver os piores momentos de nossas vidas, mas também sinaliza à um futuro com menos violência no trânsito. A impunidade precisa cessar”, escreveu. Ele lembrou que, em três meses na Câmara Federal, Christiane já apresentou vários projetos de lei na área de trânsito, entre eles um que pune mais duramente pessoas que se envolvem em acidentes com morte.
O caso Carli Filho se arrasta na Justiça desde 2009. Em abril deste ano, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) negou seguimento do recurso interposto pela defesa do ex-deputado estadual para que o caso fosse julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A defesa ainda pode recorrer pelo instrumento de agravo. A defesa de Carli Filho já afirmou que vai recorrer, porque não concorda que esse seja um caso para júri popular.
Com a decisão, assinada pelo desembargador Renato Braga Bettega, Carli Filho pode ir a júri popular ainda em 2015 – conforme já havia sido decidido pelo TJ anteriormente. Em 2012, o TJ-PR já havia negado recurso da defesa do ex-deputado estadual, que pedia que o caso fosse julgado como duplo homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Isso evitaria que o ex-deputado fosse submetido a júri popular.
Carli Filho se envolveu em um acidente de trânsito em 7 de maio de 2009, em Curitiba, que resultou na morte de Gilmar Rafael Souza Yared e Carlos Murilo de Almeida. Em nova decisão, em 2014, a 1.ª Câmara Criminal do TJ-PR tinha encontrado, mais uma vez, indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade.
De acordo com a denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), Carli Filho estava alcoolizado e trafegava em alta velocidade. Um laudo do Instituto de Criminalística apontou que o carro dirigido pelo ex-deputado estava entre 161 e 173 quilômetros por hora no momento da colisão com o automóvel em que estavam as vítimas. No ano passado, por unanimidade de votos o TJ-PR decidiu que o teste de alcoolemia de Carli Filho não terá validade. O exame, que teria registrado 7,8 decigramas de álcool, foi realizado sem o consentimento do acusado enquanto ele estava inconsciente no Hospital Evangélico, com amostras de sangue colhidas judicialmente do laboratório da instituição de saúde.