"Há dois meses que eu não saio de casa. Fico grudada no telefone esperando alguma notícia da minha filha". Esta tem sido a dura rotina de Tânia Vicentini, mãe da estudante paranaense – Carla Vicentini, de 22 anos - que há exatos dois meses está desaparecida nos Estados Unidos.

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Carla foi vista pela última vez em 09 de fevereiro saindo do Adega Bar em Newark, no estado americano de New Jersey e desde então está sumida. A estudante saiu de Goioerê, na região Centro-Oeste do estado, no mês de janeiro para fazer um intercâmbio.

Apesar da intensa investigação e da pomposa recompensa – pouco mais de R$ 10 mil, a polícia de Newark, o FBI (a polícia federal dos EUA) e a polícia federal brasileira não têm sequer uma pista que leve ao paradeiro da estudante, o que não significa que a polícia está de braços cruzados esperando notícias.

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Embora o FBI trabalhe em silêncio, a reportagem teve acesso à detalhes da investigação. Mais de 70 pessoas já foram ouvidas pela polícia. A grande maioria dos que freqüentaram o Adega Bar na noite do desaparecimento de Carla já foi entrevistada. A polícia chamou todos os clientes que usaram cartão de crédito naquela noite. Os internautas que escrevem mensagens em comunidades criadas sobre Carla no Orkut, site de relacionamento, também estão sendo ouvidos, assim como diversos moradores e lojistas da rua onde a estudante morava. Mas apesar de tudo isso, ainda não há uma pista concreta.

Seria então um crime perfeito? Para o agente do FBI, Daniel Clegg, não se trata disso. "A Carla era muito extrovertida. Depois que ouvimos algumas pessoas do Adega, ficamos sabendo que ela conversou com muita gente naquela noite. Estamos ampliando as investigações e indo atrás de todas as pistas, mas infelizmente ainda não encontramos a certa", disse.

Últimos passos

De acordo com a investigação, Carla teria saído de um bar onde trabalhava e ido de carona com um cliente até o Adega Bar – local de trabalho da amiga que dividia o apartamento com ela, a brasiliense Maria Eduardo Ribeiro, conhecida como Duda. Chegando lá ela teria ficado por cerca de quatro horas. Por volta de 3h da madrugada ela saiu do bar, ao que tudo indica, sozinha e foi caminhando até o apartamento onde morava – cerca de 80 metros de distância. A partir daí, não se tem mais informação.

A polícia, logo nos primeiros dias após o desaparecimento, localizou e ouviu o rapaz que deu carona para Carla. Segundo a investigação, ele ajudou de todas as formas possíveis e não é considerado um suspeito.

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Para a mãe de Carla, durante o trajeto entre o bar e a casa, a filha teria sido levada a força e estaria sendo mantida presa. "A minha filha deve estar sendo dopada, porque ela não ficaria por tanto tempo assim desaparecida", acredita Tânia.

Investigação

A versão de Tânia é a principal linha de investigação da polícia, que não descarta a hipótese de que Carla esteja morta. "Nós sempre trabalhamos com todas as possibilidades, mas acho que se ela estivesse morta, nós, provavelmente, já teríamos encontrado o corpo", suspeita Clegg. "Nós colocamos as digitais da Carla no Sistema Nacional de Informação Criminal. Desta maneira se o corpo dela fosse encontrado, em qualquer parte dos EUA, nós saberíamos imediatamente", completa o agente do FBI.

Para Clegg o caso do desaparecimento de Carla pode se arrastar por mais tempo, uma vez que "como muita gente está sendo ouvida, temos que ir atrás da ‘história’ de cada um delas". A hipótese assusta Tânia, que espera passar o aniversário de 23 anos da Carla, comemorado no próximo dia 29, na companhia da filha. "Se não der no aniversário dela, que seja no meu no dia 03 de maio", diz animada.

Autoridades brasileiras

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O entusiasmo de Tânia, ao falar das datas comemorativas, desaparece quando ela fala do desempenho das autoridades brasileiras no caso. Em especial sobre a negativa do Ministério das Relações Exteriores na contratação, por parte do Consulado Geral do Brasil em Nova Iorque, de um advogado americano para cuidar única e exclusivamente do caso do desaparecimento da Carla.

"Meu Deus já faz dois meses. Até quando eles vão achar que é prematuro. O que precisa acontecer?", indigna-se Tânia. Na sexta-feira (7), por e-mail, assim como já havia feito há quase um mês, o consulado ratificou: "o chefe da Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores acha prematura a contratação do advogado para acompanhar o caso". O motivo, ainda com base no e-mail, é que o caso está na fase de investigação e, desta maneira, o advogado pouco poderia fazer. Mesmo com todo o revés, falta de informação, de pistas, e de apoio das autoridades brasileiras, Tânia se apóia numa única certeza "eu vou encontrar a minha filha viva. Com certeza. Mais cedo ou mais tarde".

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