O Ministério Público do Paraná (MP-PR) protocolou esta semana as razões para o pedido de anulação do julgamento de dois réus acusados de participação na morte do menino Evandro Ramos Caetano, feito em 24 de junho. Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofolini foram absolvidos há um mês pelo Tribunal de Júri de Curitiba. O Conselho de Sentença não reconheceu participação dos réus no caso. O julgamento durou cinco dias.

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No recurso, o MP alega que ocorreram nulidades processuais no julgamento e que a decisão contrariou as provas do processo, que indicariam a participação dos réus no crime. A assessoria de imprensa do MP explica que a nulidade se deve ao fato de durante os debates ter sido lida uma reportagem não juntada aos autos no prazo legal, que seria de três dias anteriores à discussão, e porque as provas da procuradoria indicavam a participação dos réus.

A reportagem citada é referente ao tenente-coronel Valdir Copetti Neves. Na época do crime, ele era major e ficou responsável pelas investigações, no comando do Grupo Tigre. Copetti Neves foi quem ouviu os envolvidos. O tenente-coronel é acusado deter torturado Bardelli e Cristofollini durante os primeiros depoimentos prestados à polícia na época do crime.

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A informação de tortura foi dada pelos réus e por outros cinco acusados nos interrogatórios. Copetti Neves, porém, negou-a em 19 de junho, em audiência no Tribunal de Júri. Atualmente, o tenente-coronel é acusado de comandar um grupo de milícias armadas para defender áreas de fazendeiros e esteve preso por 79 dias. Copetti Neves foi solto em junho, mas ainda responde processo.

A defesa de Bardelli e Cristofolini foi intimada a apresentar as contra razões, cujo prazo vence na próxima quarta-feira. O advogado de Bardelli, Mateus Rodrigues de Almeida, afirmou que não acredita que o julgamento seja anulado. "Eles apresentaram um documento com 70 laudas, um recurso muito bem fundamentado, mas acredito que a Justiça vai manter a decisão. Em nenhuma linha eles tocam nos nomes dos acusados e fundamentam o recurso na apelação dos condenados", diz.

O advogado disse ainda que a decisão sobre a validade do julgamento seja divulgada apenas no ano que vem. "A previsão é de que leve uns seis meses, porque é um processo longo, de 11 mil páginas", estima.

Evandro Caetano foi morto em 7 de abril de 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná, em um supostos ritual de magia negra. Na época, ele tinha seis anos de idade.

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