A médica Virgínia Soares de Souza e outros sete ex-funcionários do Hospital Evangélico não devem ser ouvidos pela Justiça neste ano. O motivo é que o estado do Paraná não quis pagar R$ 220 mil de uma perícia solicitada pela 2ª Vara do Júri de Curitiba, responsável pelo caso. Desse valor, R$ 200 mil seriam para um especialista em medicina intensiva e os R$ 20 mil restantes para um anestesiologista. Nesta circunstância, quem deve arcar com as custas é o tesouro estadual. A necessidade da perícia foi aceita por todas as partes no processo.
Virgínia e os ex-funcionários do hospital são acusados de envolvimento em uma série de mortes de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Evangélico ocorridas entre 2006 e janeiro do ano passado. Com esse entrave, o final do caso fica mais longe. É provável a definição se os réus irão a júri popular ou não ocorra só em 2015.
As audiências com as testemunhas de defesa e acusação terminaram no fim do ano passado. A expectativa, na época, era de que a perícia já tivesse uma conclusão e, assim, os depoimentos dos réus começariam em maio deste ano. O problema, no entanto, foi que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) vetou o pagamento da perícia. Em razão disso, o MP acabou impugnando o valor pedido pelos médicos e a análise independente pode ser realizada por médicos peritos do Instituto Médico Legal (IML) do Paraná. A reportagem apurou que a análise levará meses. São centenas de perguntas do Ministério Público e da defesa que deverão ser respondidas com base nos depoimentos das testemunhas e nos prontuários das vítimas.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da PGE para que o estado pudesse explicar os motivos de não autorizar o pagamento da perícia. Apesar disso, a PGE não se manifestou até o fechamento desta edição.
O caso
O caso começou a tramitar na Justiça em março de 2013, quando a denúncia oferecida pelo Ministério Público foi aceita pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar. Em resumo, o MP afirma que os acusados abreviavam vidas de sete pacientes com o objetivo de "girar a UTI", ou seja, abrir novas vagas no centro médico. Além de Virgínia, os médicos Maria Israela Cortez Boccato, Edilson Anselmo da Silva Júnior e Anderson de Freitas também foram denunciados. Também são acusadas as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff. Todos sempre negaram que houve abreviação de vida na UTI do hospital. Há ainda um fisioterapeuta e um enfermeiro denunciados por formação de quadrilha.