Rudson Marcos, juiz do caso Mariana Ferrer, afirmou à Corregedoria Geral de Justiça de Santa Catarina que o vídeo da audiência foi “altamente manipulado”. De acordo com O Antagonista, a manifestação se deu no âmbito da reclamação disciplinar apresentada contra ele, para a qual solicitou arquivamento. Além da edição, Marcos ressaltou que não há menção ao termo “estupro culposo” nos autos.
A influenciadora Mariana Ferrer acusa o empresário André Aranha de tê-la estuprado em uma casa noturna de SC. Ele foi absolvido em primeira instância por falta de provas. O caso ganhou destaque após The Intercept divulgar trechos da audiência de instrução e julgamento em que o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defende o empresário, fez insinuações com conotação sexual envolvendo a profissão e as fotos de perfis da jovem nas redes sociais.
Em um dos trechos, Mariana se dirigiu ao juiz pedindo que fosse respeitada pelo advogado: “Excelentíssimo, eu tô implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”.
Segundo O Antagonista, porém, o juiz afirmou que o vídeo divulgado trata-se de uma compilação com trechos de duas audiência, que juntas somam 300 minutos, e que nelas teria feito 37 intervenções durante as manifestações do advogado, do promotor, e dos defensores públicos. Além disso, de acordo com o magistrado, intervenções dele foram suprimidas do vídeo publicado pelo Intercept, bem como a ordem das declarações foi alterada. Para embasar as afirmações, Marcos anexou parecer técnico de um perito, ainda de acordo com o portal.
Após a repercussão do caso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu investigação contra o juiz. Já o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) vai analisar a conduta do promotor. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pedirá que o advogado Rosa Filho preste esclarecimentos sobre sua conduta no julgamento. A Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB Nacional também divulgou nota de repúdio, e o ministro do Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que "as cenas da audiência de Mariana Ferrer são estarrecedoras”.
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