Brasília Enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) há um ano e três meses, o inquérito que apura o pagamento de mesadas a parlamentares está longe de chegar a uma conclusão. O relator do inquérito, ministro Joaquim Barbosa, afirmou ontem que só em 2007 o tribunal vai decidir se será aberta uma ação criminal contra os 40 suspeitos de participação no esquema do mensalão. "Para este ano é impossível", reconheceu.
Até agora, o ministro do inquérito determinou apenas a realização de diligências pedidas pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Entre essas diligências, estão quebras de sigilos e interceptações telefônicas. Os investigados encaminharam defesas prévias ao STF, mas ainda não foram sequer ouvidos.
Eles somente deverão ser interrogados se o STF aceitar a denúncia do procurador-geral, abrindo um processo criminal, o que transformará os suspeitos em réus. Se a ação for aberta, além dos réus, deverão ser ouvidas no Supremo mais de cem pessoas indicadas como testemunhas.
Um dos fatores apontados por Barbosa como decisivos para a lentidão do inquérito é o grande número de denunciados. Outro fator relevante é que o STF costuma tomar decisões polêmicas, como a que envolve esse caso, apenas quando seus 11 ministros estão presentes às sessões de julgamento circunstância que nem sempre ocorre.
Por causa disso, o Supremo não deverá decidir amanhã, como estava previsto, se parte das investigações sobre o mensalão serão transferidas para a Justiça de primeira instância. Esse adiamento deverá ocorrer porque o decano do tribunal, Sepúlveda Pertence, não participará da sessão de amanhã.
Na semana passada, o STF resolveu que devem permanecer no tribunal as investigações contra os deputados denunciados por envolvimento com o esquema e contra pessoas suspeitas de participar junto com essas autoridades das supostas irregularidades. O tribunal ainda não definiu quais pessoas são essas.