Um quinto caso de agressão de grupos racistas a homossexuais surgiu ontem em Curitiba. Numa noite de sábado do mês de maio, por volta de 23h30, M. (18 anos e homossexual assumido) foi agredido na Rua Mateus Leme enquanto caminhava com um amigo travesti. O ataque, feito por dez homens, causou a M. a perda de um dente e um sério ferimento no olho direito.

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O rapaz foi atingido por um prego fixado na ponta de um pedaço de madeira, além de ter levado correntadas e chutes. No próximo dia 8, M. fará a terceira cirurgia plástica de quatro previstas para corrigir o estrago gerado pela agressão, já que a região do olho atingido teve afundamento.

Na descrição do grupo que o espancou, M. relata coincidências com os agressores das outras quatro vítimas. Todos estavam vestidos de preto, usavam correntes pesadas no pescoço (as quais são usadas no ataque), coturnos e tatuagens – aparência dos chamados skinheads, grupo nazista que prega a segregação racial. Além de homossexuais, as outras vítimas são também negras (três rapazes e uma moça).

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Para exigir solução imediata dos casos, o Grupo Dignidade, organização não-governamental de defesa dos homossexuais, promove sábado um protesto na Boca Maldita, às 10 horas. O Instituto Brasil e África (Ibaf) também participará da manifestação. Na oportunidade, além de recolher assinaturas para um abaixo-assinado de protesto, a ONG também lançará a campanha "Respeito pela Diversidade Humana – Denuncie Toda e qualquer Forma de Violência".

Segundo Tony Reis, presidente do Dignidade, uma das intenções do protesto é também incentivar os homossexuais a denunciarem à polícia as agressões. "As pessoas têm que denunciar qualquer tipo de violência, pois isso não pode ficar do jeito que está", ressalta Reis.

SOS Racismo

O presidente do Ibaf, Saul Dorval da Silva, entregou ontem ao presidente da Assembléia, deputado estadual Hermas Brandão (PSDB), a minuta do projeto de lei para a criação do SOS Racismo. A proposta de criação do serviço, que seria por meio de denúncias via telefone e que também solicita a criação de uma delegacia especializada em atendimentos de vítimas de racismo, surgiu após o aparecimento na cidade de adesivos de cunho racista.

Na próxima terça-feira, o projeto será apresentado em audiência pública na Assembléia e no mesmo dia será encaminhado para votação. "A demanda de crimes desse gênero é grande, por isso a criação do SOS Racismo é propícia", aponta o presidente do Ibaf.

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