Entrevista

Leia uma entrevista com Luiz Felipe Pondé, filósofo, professor da pós-graduação em Ciências da Religião da PUCSP e colunista do jornal Folha de S.Paulo.

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Um concurso público está no centro de uma polêmica envolvendo acusações de preconceito religioso no Rio de Janeiro. No dia 16, cerca de 6,8 mil profissionais da saúde – médicos, dentistas, enfermeiros e farmacêuticos – disputaram 330 vagas no Programa Saúde da Família pela Organização Social Viva Comunidade, em uma seleção organizada pela Fundação Ceperj. Segundo grupos católicos, a prova associa o catolicismo à vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis. O protesto contra o concurso inclui abaixo-assinados realizados em várias paróquias do Rio.

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A estudante de Enfermagem Marcela Chagas chegou a se inscrever no concurso, mas não conseguiu fazer a prova. No dia seguinte, buscou o teste na internet. "A letra c) foi a primeira que descartei, achei que a resposta certa era a letra e). Fiquei revoltada, isso é uma falta de respeito com as mulheres católicas", diz. "Estado laico não significa ditadura da minoria, e nem tomada de posição contra denominações religiosas", acrescenta Mário Dias de Oliveira, coordenador do Instituto Juventude pela Vida e um dos responsáveis pela mobilização contra o concurso.

Preservativo

A Ceperj, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que, como o gabarito ainda é provisório, não pode esclarecer os motivos pelos quais a alternativa c) foi considerada correta. "Essa questão não passa de uma crítica à posição da Igreja Católica a respeito do preservativo", afirma Oliveira. Como a Igreja condena o uso do preservativo, a transmissão de DSTs seria, então, facilitada. Mas, segundo o padre De­­métrio Gomes, diretor do Instituto Filosófico e Teológico do Seminá­rio São José, de Niterói, pensar assim é simplificar a moral sexual católica. "Nenhu­ma mu­­lher é obrigada a ter relações sexuais com o marido se ele estiver fora de si ou recorrer à vio­­lência. Nem quando há a possibilidade real de transmissão de doenças como aids e sífilis", explica.

A reportagem da Gazeta do Povo mostrou a questão ao presidente da Associação de Gine­­cologia e Obstetrícia do Paraná (Sogipa), Hamil­ton Jú­­lio, que na ocasião es­­tava com outros cinco colegas. "Ne­­nhum de nós teria optado pela alternativa c), teríamos marcado uma das duas úl­­timas opções", diz. Júlio explica que o exame colpocitológico, mais conhecido como papanicolau, serve para detectar o câncer de colo do útero. "No en­­tanto, por meio do recolhimento de material também é possível encontrar fungos ou bactérias característicos das DSTs", acrescenta.

A Ceperj informou ainda que os recursos solicitando revisões do gabarito do concurso fo­­ram enviados ontem a uma banca, mas não é possível dizer se houve recursos contra a questão 14. Outra possibilidade é a anulação da questão, com todos os candidatos recebendo a pontuação. O gabarito definitivo será divulgado nesta semana.

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