Com o calor escaldante dos últimos dias, a melhor alternativa encontrada por muitos jovens e famílias, na maioria de baixa renda, é refrescar-se em córregos, represas e cavas próximos às suas residências. No entanto, a imprudência nestes locais faz com que os números de afogamentos em Curitiba e região metropolitana (RMC) estejam praticamente três vezes maiores que as estatísticas do litoral paranaense neste começo de ano. Enquanto nas praias foram registradas cinco mortes, ontem, com o afogamento de mais quatro homens, o total de vítimas na capital e região chegou a 13.
Segundos os registros do Instituto Médico Legal, desde o início do ano, todas as vítimas são do sexo masculino e a maioria adolescente. "A falsa sensação de segurança faz com que as pessoas dirijam-se para o fundo e acabem se afogando", afirma o tenente Leonardo Mendes dos Santos, do Corpo de Bombeiros. A represa do Passaúna, na divisa entre Curitiba, Campo Largo e Araucária, é o local em que ocorreram mais acidentes três inclusive um na manhã de ontem.
O grande lago da represa, que em um primeiro momento parece ser atraente para quem está com calor, esconde várias armadilhas. Buracos, árvores e até cercas permanecem no fundo do lago, inundado em uma região em que eram localizadas várias olarias. Segundo o supervisor do Parque do Passaúna, Jorge Evangelista, guardas municipais percorrem a ciclovia do parque tirando quem está na água. "Às vezes, não vencem tirar todos. O povo não obecede", conta o funcionário Tadeu Faria. Mesmo com placas que proíbem o banho, a Gazeta do Povo encontrou, na tarde de ontem, pelo menos 15 pessoas no lago.
A zeladora Maria de Souza Pereira aproveitou o dia de sol para levar familiares do Espírito Santo para conhecer a represa. "Sempre que posso eu venho aqui. Meus filhos aprenderam a nadar aqui. Mas têm pessoas que abusam". "Resolvemos nos refrescar na beiradinha. Não vamos mais longe porque não sabemos nadar", conta a capixaba Neuza Pereira de Souza.
Outro afogamento registrado ontem aconteceu nas cavas do Rio Iguaçu, no bairro Boqueirão, em Curitiba. Mesmo consciente do perigo e da dificuldade que já encontrou naquelas águas, o serralheiro Hélio Manuel Bernardo, 21 anos, leva seus três filhos, de 3, 5 e 7 anos, até cinco vezes por semana no local durante o verão, enquanto estão de férias. "Perigoso é, mas a gente cuida". Ontem, ele estava acompanhado de mais cinco crianças e quatro adultos. "As crianças não sabem nadar. Nas partes mais fundas levamos elas nas costas", conta Bernardo. Os outros dois afogamentos de ontem aconteceram em uma chácara em Colombo e no bairro Caximba, na capital.