A prefeitura de Curitiba e o governo estadual dão sinais de que vão entrar em rota de colisão mais uma vez. O motivo da discórdia é o novo aterro sanitário que vai receber o lixo da capital e de outros 16 municípios da região metropolitana. Com os atrasos na escolha da área, por conta de questionamentos judiciais, o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos deve pedir, mais uma vez, a prorrogação da vida útil do Aterro do Caximba, que deveria ser desativado no início do segundo semestre. Mas o presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, diz que o prazo para utilização do Caximba não pode mais ser ampliado.
"Isso significa que se essa nova área (para o aterro) não for implantada, teremos meses de caos em breve", afirmou Burko. Segundo ele, nenhum técnico vai aprovar a continuação da utilização do atual aterro. "Vamos ter problemas sérios com o lixo e o IAP não tem responsabilidade nisso. Estamos tentando reduzir a burocracia, mas não vamos abrir mão do cuidado ambiental. Não queremos prejudicar o futuro por causa de um problema momentâneo, que, aliás, já deveria ter sido resolvido. O consórcio sabia do prazo para o final da utilização", declarou.
O procurador de Justiça Saint-Clair Honorato Santos, que acompanha o assunto, disse ontem que, caso o Aterro do Caximba chegue à saturação antes de o novo depósito ser concluído, será necessário procurar uma área para receber o lixo em caráter emergencial. "Seja na região metropolitana ou fora dela, como em Ponta Grossa, por exemplo."
Sem alternativa
O consórcio do lixo, ao que parece, não tem uma alternativa caso a vida útil do Caximba não seja prorrogada. A assessoria de imprensa da prefeitura de Curitiba, responsável pelo consórcio, informou que será solicitada a ampliação do prazo, já que o novo aterro, cujo local ainda não está definido, levará nove meses para ser instalado.
A área mais provável do novo depósito de resíduos fica ao lado do atual, no bairro do Caximba. Mas os moradores não aceitam isso. Em audiência pública realizada na quinta-feira, houve muito tumulto e discussão. Presente no encontro, o procurador Saint-Clair Honorato Santos disse que os moradores da região da Caximba protestaram contra a possibilidade de receberem o novo aterro. Além desse local, o IAP ainda analisa áreas nos municípios vizinhos de Fazenda Rio Grande e Mandirituba.
Apesar dos questionamentos, Santos disse que há pressa para a definição do local para o novo aterro. "O importante é chegarmos a uma solução. Enquanto não houver o licenciamento, continua-se depositando lixo no aterro da Caximba", diz. Segundo ele, se o licenciamento não sair para nenhuma das três áreas e o aterro atingir o seu limite, não poderá mais receber material. Para ele, a decisão da escolha pelo local do novo aterro não põe fim na discussão sobre o lixo. "Ainda é preciso discutir os princípios básicos do lixo. Como não gerar lixo, reutilizar embalagens, mudar as concepções das garrafas plásticas, adotar mais o vidro em embalagens. Tudo isso precisa ser discutido com a sociedade", ponderou.
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