Desde cedo, a angolana Isabel Tchicoco Yambi, de 23 anos, foi forçada a superar a pobreza, as consequências da guerra civil e as limitações impostas pela cegueira. Após migrar para Curitiba em 2001, passou a cultivar o sonho de estudar. A história de dificuldades lhe rendeu a etapa nacional do prêmio “Viva o Seu Sonho”, conferido pela Soroptimist – uma organização internacional destinada a amparar mulheres em situação de vulnerabilidade. Com isso, Isabel vai ganhar um valor em dinheiro, a ser investido unicamente em sua formação profissional. “Eu penso em fazer uma pós-graduação ou participar de congressos que complementem minha formação”, diz ela, que cursa o 9.º período de Direito, na Uninter. “Eu dedico este prêmio a minha mãe, que enfrentou muitas dificuldades e não teve as oportunidades que estou tendo”, completa. Ela ainda vai disputar uma etapa internacional do prêmio.
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Leia a matéria completaIsabel perdeu a visão aos 3 anos de idade, em decorrência do Sarampo. Na ocasião, morava com a mãe e dois irmãos em um casebre de Lubalgo, no sul de Angola. O pai morreu nos conflitos da guerra civil. A mãe, analfabeta, trabalhava como diarista, mas nem sempre havia quem a contratasse. Havia pouca comida e muita fome, lembra Isabel. “A gente comia uma vez por dia. Se almoçávamos, não tinha o jantar”, conta. “Apesar disso, minha mãe era uma guerreira, que dava seu melhor”, ressalta.
Dedicada e de fala suave e pausada, Isabel se apaixonou pelo Direito. Está dividida entre o Direito Internacional – “Para ajudar pessoas que passaram pelo que eu passei, mudando de país” – e Direito de Família, neste caso, se especializaria em adoção. Além das aulas, passa as tardes estudando pelo computador, por meio de um programa que transpõe para áudio os arquivos em formato de texto.
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Leia a matéria completa“Ela é uma pessoa valiosa, muito correta e com um caráter muito bom. Ela chama a atenção pela postura ética que tem”, definiu a professora Leomar Marchesini, que coordena um grupo de apoio a alunos com deficiência na Uninter.
Isabel divide um sobrado com um grupo de angolanos – todos cegos – que chegaram ao Brasil por meio da Fundação Eduardo Santos (Fesa). Somente em abril deste ano o grupo conseguiu visto de permanência – que lhes permite trabalhar. Eles – que formam o grupo Cantores de Angola – procuram emprego e oportunidades para se apresentar. “Nós ainda estamos vivendo de doações”, diz Isabel.
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