O céu de Curitiba vai receber amanhã o maior balão do mundo em comprimento. Uma cegonha inflável, com 55 metros, sobrevoará o Parque Barigüi para divulgar o projeto Maternidade e Paternidade Responsável. O objetivo da campanha é conscientizar os adolescentes a ter filho na hora certa e alertar as mulheres que já estão prontas para ser mãe para que não retardem a maternidade. Do tamanho equivalente a meio campo de futebol, o balão vai sair do parque às 16 horas.
Segundo Karam Abou Saab, ginecologista responsável pela campanha e chefe do Serviço de Reprodução Humana do Hospital de Clínicas (HC), o índice de adolescentes grávidas é muito grande no país. Cerca de 20% de todas as gestantes são meninas de até 19 anos. No Paraná, até 2007 esse número era de 15,5%. "Aqui ele é um pouco mais baixo porque o governo tem bons programas de planejamento familiar. Mas se pensarmos que de cada 100 mulheres grávidas 15 são adolescentes o número ainda é bastante alto", diz.
Durante a campanha, que começa sábado e segue pelos próximos meses, serão distribuídos folhetos informativos sobre métodos contraceptivos e um controle do ciclo reprodutivo da mulher em formato de disco. Também serão ministradas palestras nas escolas. "Por enquanto o projeto é realizado apenas pelo Centro Paranaense de Fertilidade, mas as Secretarias Municipal e Estadual de Saúde e o Ministério da Saúde aprovaram a idéia e após as eleições vão participar também", conta Saab.
Alerta
O período de maior fertilidade feminina é por volta dos 20 anos. Depois dos 30, ela diminui cada vez mais, consecutivamente. "Com 20 anos apenas 1% das mulheres são inférteis. Aos 35 esse número sobre para 30% e, após os 40, aumenta mais", explica o ginecologista. Segundo ele, hoje muitas mulheres adiam a gravidez para dar prioridade ao trabalho e ao estudo e quando resolvem que está na hora, constatam que terão dificuldades.
É o caso da professora Aida Cristina, de 44 anos, que está há oito anos tentando ser mãe. Já procurou vários médicos e tratamentos mas ainda não alcançou seu sonho. "Eu casei tarde, com 33 anos, e além disso eu trabalhava e estudava. Um ano depois de casada, comecei a tentar ter filhos. Já fiz cirurgia para a retirada de um mioma no útero e tomei vários remédios. Infértil sei que não sou, mas estou me tratando para conseguir engravidar", diz. Seu marido é pai de duas crianças do casamento anterior, mas para Aida será o primeiro bebê.
O Hospital de Clínicas tem um programa de fertilização in vitro para atender casais com dificuldades para terem filhos. Do total de pessoas que procuram o programa, 25% são mulheres com mais de 45 anos. O serviço é bastante procurado e tem mais de 1,2 mil casais cadastrados. Karam Abou Saab, que trabalha no programa, também é o diretor do Centro Paranaese de fertilidade e foi o responsável pelo primeiro bebê de proveta do Paraná, nascido em 1986.