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Cerca de 70 policiais especializados monitoraram o motim. | Adilson Mendes/Diário Popular
Cerca de 70 policiais especializados monitoraram o motim.| Foto: Adilson Mendes/Diário Popular

Os 132 presos da delegacia de Campo Largo – que é a mais lotada entre todas as 27 delegacias da região metropolitana de Curitiba –, iniciaram ontem de manhã uma rebelião, motivados pela falta de infraestrutura e pela rivalidade entre grupos que estão no local. Em um prédio com dez celas, em dois corredores, há quase cinco vezes mais pessoas do que a capacidade permitida – apenas 28.

Reportagem publicada pela Gazeta do Povo na semana passada mostrava o alto número de presos nas delegacias da região metropolitana e a falta de delegados. Dois dos encarcerados envolvidos na rebelião de ontem tiveram ferimentos leves, mas oito pediram para ser examinados por médicos.

O presos de Campo Largo – que permaneciam confinados com outros 40 homens em um cubículo de seis metros quadrados – começaram a ser transferidos para outros locais ontem à tarde. Vinte deles foram removidos para o Centro de Triagem (CT) II, em Piraquara. A previsão era de que, até o fim da noite, mais cinco fossem retirados do local. Foi dada preferência de remoção aos presos mais perigosos. Conduzidos para fora de dois em dois, um deles gritou para reportagem: "Sai cadeia maldita. Até que enfim". O considerado líder da rebelião, o traficante conhecido como Matagão, foi transferido no início da tarde para destino desconhecido.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que, por medida emergencial, deverão ser transferidos 75 presos da delegacia de Campo Largo. O CT II deverá receber 23. Outros 52 serão transferidos para delegacias da região metropolitana. A delegacia precisará de alguns reparos, que serão feitos ainda hoje.

Superlotação

O delegado substituto Rogério Antônio Haisi informou que a capacidade oficial da unidade de Campo Largo é de 28, porém, diz ele, a "capacidade sustentável" prevê um número maior. Ele admite que a superlotação causa um estresse que pode gerar um motim, mas diz que não foi isso que ocorreu. "O número que temos é crítico, mas o motivo da rebelião não se deu pela superlotação e sim pela rivalidade de um dos grupos com um determinado detento", afirma. Informações extraoficiais apontam que policiais do Departamento de Criminalística estiveram no local durante a madrugada para averiguar uma porta de cela que tinha sido cerrada, há duas semanas.

Agitação

A falta de infraestrutura da delegacia é uma das reclamações mais frequentes entre os familiares dos presos. A mãe de um dos rebelados, um rapaz de 23 anos, detidos por suspeita de tráfico de drogas, conta que a situação nas celas é horrível. "Tenho certeza de que fizeram isso para serem transferidos. De outro jeito, morrem aí dentro." Além do filho, a nora dela também está presa no local – a delegacia mantém uma cela com quatro mulheres. O ressentimento não é somente de familiares. Os moradores da rua também se preocupam com a localização da unidade. "Sempre há muito barulho e já ocorreram outras fugas", comenta um homem que mora próximo ao local.

Na segunda-feira passada, o governador Roberto Requião afirmou que o estado criará mais 1,4 mil vagas no sistema penitenciário no primeiro semestre, com a instalação de 120 celas modulares – cada uma com capacidade para até 12 presos. A previsão é que 60 celas sejam entregues em abril e outras 60, em julho.

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