Tabajara: melhor e mais disposto após a terapia com células-tronco| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Simpósio discute avanços

As últimas novidades e avanços nas pesquisas com células tronco estarão sendo discutidas durante o 3º Simpósio Internacional de Terapia Celular, que reunirá cerca de 550 médicos e cientistas, de hoje à sábado, no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba. Serão apresentadas pesquisas com células-tronco para o tratamento de diversas doenças como diabetes, derrame cerebral, câncer, doenças hepáticas, entre outras.

As pesquisas em cardiopatias estão mais avançadas. "Se levarmos em conta que 30% dos óbitos acontecem por conta de doenças do coração, é fundamental que se invista nessa área", afirma o presidente do simpósio, cirugião vascular Paulo Brofman.

Um dos destaques do evento será o debate sobre a Rede Nacional de Terapia Celular, que deverá ser criada ainda este ano para unir os centros de pesquisa que hoje atuam isoladamente. A idéia é utilizar a estrutura e o conhecimento dos grupos que já trabalham na área e criar seis centros produtores de células-tronco. O Paraná tem grandes chances de ter um desses centros, já que a Pontifícia Universidade Católica do Paraná é referência nesse tipo de pesquisa. Atualmente, cerca de 20 grupos estudam celulas-tronco no país, totalizando 182 pesquisas. (CV)

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O Brasil pode estar próximo de começar a oferecer terapia com células-tronco pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Até o fim do ano deve ser concluído um dos ramos de um estudo feito com 1,2 mil pacientes para testar o tratamento em quatro doenças do coração: enfarte agudo do miocárdio, cardiopatia dilatada, doença de Chagas e doença isquêmica crônica. As pesquisas relacionadas à doença de Chagas devem ser concluídas até dezembro. "Caso os resultados sejam favoráveis, a intenção é apresentar a terapia ao Ministério da Saúde para que seja feito um estudo de viabilidade avaliando custo e eficácia", adianta o coordenador de Ensino e Pesquisa em Cardiopatias do Ministério da Saúde e coordenador de Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras, Antônio Carlos Campos Carvalho.

O Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias teve início em 2005 e conta com a participação de 33 instituições em nove estados. É a maior pesquisa com células-tronco para a cura de doenças cardíacas graves. Segundo Carvalho, as quatro patologias escolhidas representam a maior parte dos casos de doenças do coração, sendo o enfarte o mais freqüente deles.

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Como o estudo é duplo cego (nem os pesquisadores nem os pacientes sabem qual grupo está recebendo qual tipo de tratamento), ainda não há como avaliar os resultados. Caso o estudo seja bem-sucedido, cerca de 200 mil pessoas poderão ser tratadas e curadas em três anos. Estima-se que o custo com o tratamento desses pacientes possa ser reduzido em cerca de R$ 37 milhões por mês. A terapia com células-tronco, embora não possa ser aplicada a qualquer paciente, é mais barata do que um transplante. Para oferecer o tratamento, um hospital precisará investir algo em torno de R$ 50 mil, o que torna o tratamento viável de ser oferecido pelo SUS.

Segundo Carvalho, a expectativa é que as pesquisas para tratamento de cardiopatia dilatada e enfarte também seja concluídas ainda em 2009. Apenas os estudos para doença isquêmica ainda continuam sem previsão de conclusão.

Células que curam

Para pacientes que participam como voluntários nos estudos, a cura por células-tronco já é uma realidade. Tabajara Ribas, de 50 anos, recebeu células-tronco no coração por meio de uma técnica desenvolvida na PUC. Em 2003 ele sofreu um enfarte, passou por uma angioplastia, mas teve a função cardíaca prejudicada. Cansava-se com freqüência e perdeu a qualidade de vida. Em 2005, Tabajara passou por uma cirurgia na qual recebeu células-tronco retiradas do próprio organismo. Elas foram injetadas na parte lesada pelo enfarte, restaurando o músculo e a vascularização. "Hoje me sinto bem melhor, muito mais disposto", afirma.