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A esperança para quem sofre de problemas do coração pode vir das células-tronco. Um dos mais experientes médicos nesta área de pesquisa, o norte-americano Ron Waksmam, esteve esta semana em Curitiba para participar do V Simpósio Internacional de Cardiologia Invasiva, promovido pelo Hospital Cardiológico Costantini e pela Fundação Francisco Costantini. Waksmam é diretor associado do Washington Hospital Center e professor de Cardiologia da Universidade de Georgetown. Autor dos livros A Placa Vulnerável (2004) e Braquiterapia celular (2003), o cardiologista tem mais de 200 artigos publicados. Em entrevista à Gazeta do Povo, Waksmam falou de seus recentes estudos utilizando células-tronco em pacientes cardiopatas.

Quais são as diretrizes dos seus estudos com células-tronco?A primeira pesquisa é dirigida aos pacientes com doença cardíaca crônica, com oclusões nas artérias e que não podem ser abertas. No estudo, injeta-se tratamento celular para gerar novos vasos sanguíneos, a angiogênese. Isso ajuda os pacientes a compensarem a contração cardíaca, uma vez que haverá mais fluxo de sangue. Existe outra forma de tratamento para os pacientes que têm insuficiência cardíaca ou lesão do miocárdio. Está em teste a possibilidade de se injetar mioblastos (células musculares) no local da cicatriz no coração. O objetivo é que os mioblastos assumam o papel das células cardíacas e melhorem a contração. Outra pesquisa que estamos desenvolvendo em Washington é para aqueles que tiveram enfarte agudo. Estamos estudando a viabilidade de injetar células aspiradas da medula óssea no coração para preservar ou recuperar células que foram danificadas durante o enfarte. Houve observações de que após o enfarte as células-tronco da medula óssea migram para o coração de qualquer jeito. A idéia é não esperar a migração acontecer, e sim colocá-las antes no coração para agilizar o processo. Um estudo publicado há duas semanas pela American Heart Association mostra que em um grupo de 250 pessoas que sofreram enfarte, 125 receberam medula óssea e outros 125 placebo. Depois de quatro meses, o grupo que recebeu medula óssea teve melhor funcionamento do coração. Mas é um resultado preliminar.

Quais são as possibilidades desses estudos serem aplicados em tratamentos?Temos oportunidade e potencial para alcançar a formação de vasos sanguíneos e melhorar a contração do coração. Se os estudos forem positivos, acredito que possam se tornar realidade até 2010. Começamos a pesquisa há quatro anos e ainda é necessário passar por várias fases de testes. Quanto aos efeitos colaterais, no caso da medula óssea não há. O uso de mioblastos pode provocar arritmias, por isso os pacientes teriam de implantar fibriladores como prevenção.

O senhor é a favor do uso de células-tronco embrionárias?Sou contra. No entanto, as células-tronco embrionárias seriam a melhor opção nesses estudos, porque não têm reação imunológica. Mas é um problema ético o fato de como obtê-las. É preciso fazer isso dentro da ética. Nos Estados Unidos, o uso de células-tronco é proibido e acredito que não será liberado tão cedo.

Como o senhor avalia o desempenho do Brasil em pesquisa com células-tronco?A qualidade da pesquisa é muito boa, mas ainda faltam recursos. Acredito que cada vez mais precisamos promover o intercâmbio na pesquisa.

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