Porto Alegre - Na manhã de segunda-feira, quando acessou sua conta do Twitter, o delegado Emerson Wendt se deparou com uma enxurrada de denúncias. As mensagens alertavam sobre o ato de dois adolescentes de classe média, que se exibiram ao vivo na noite anterior em cenas de sexo, para mais de 26 mil pessoas, por meio da Twitcam.
Há pouco mais de um mês à frente da recém-criada Delegacia de Crimes Informáticos do Departamento de Investigações Criminais do Rio Grande do Sul, Wendt se deparou com o primeiro caso do tipo no Estado. A equipe fez uma busca em sites de relacionamento, blogs e fóruns e chegou à identidade do menino, que foi confirmada pelo banco de dados estadual.
Os adolescentes foram ouvidos e o inquérito segue com o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca). Ao mesmo tempo, Wendt busca identificar os responsáveis por divulgar os vídeos na internet e já chegou a pelo menos três pessoas que publicaram o vídeo para download. Se algum for maior de 18 anos, ficará configurado crime de pedofilia.
Na sexta-feira, Wendt recebeu uma lista com dez sites internacionais que disponibilizavam o vídeo alguns já retirados do ar. Nesta semana, o delegado deve pedir auxílio à Policia Federal para contatar os administradores das páginas.
Depois de concluído, o inquérito será remetido ao Ministério Público. O rapaz de 16 anos e a menina de 14 podem ser enquadrados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que proíbe a produção e divulgação de cenas de sexo explícito com menores de 18 anos, e cuja punição pode ser a liberdade assistida ou a prestação de serviços comunitários. "O grande mote dessa situação é o aprendizado que fica em relação à superexposição na internet", disse Wendt.