São Paulo (Folhapress) As centrais sindicais esperam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncie amanhã que o salário mínimo de 2006 vai subir para R$ 350 a partir de abril. Se a previsão for confirmada, a notícia será divulgada em tom de comemoração, já que coincidirá com o Dia Nacional do Aposentados a maior parte dos aposentados recebe o mínimo, que hoje está em R$ 300.
"Está tudo encaminhado para que o acordo seja anunciado (amanhã). É positivo que o governo tenha se disposto a analisar as reivindicações e que o presidente da República tenha marcado um encontro com as centrais", disse José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT.
Na última quinta, após quase nove horas de negociações com o governo, as centrais sindicais saíram sem um acordo sobre o reajuste do salário mínimo e a correção da tabela de Imposto de Renda. As centrais recuaram em suas reivindicações e pediram que o mínimo subisse para R$ 350 em abril e que a tabela de IR fosse corrigida em 8%. Mesmo assim, o governo informou que precisava de tempo para fazer as contas e ver se seria possível atender o pedido. A palavra final será dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reúne amanhã com as centrais.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o governo precisa encontrar os recursos necessários para atender às reivindicações. "As contas precisam bater." Ele afirmou que cada mês de antecipação do reajuste do mínimo custa R$ 1,060 bilhão.
Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, o acordo está praticamente fechado e só não foi anunciado na quinta-feira porque era muito tarde (quando sindicalistas se reuniram com ministros). "As negociações se arrastaram por muito tempo e atropelaram a agenda do presidente. Quando se chegou a um acordo possível, era noite e não seria vantajoso anunciá-lo."
O presidente Lula disse na sexta passada em Xerém (Duque de Caxias) que está "tranqüilo sobre o acordo com os sindicalistas". "Nós certamente faremos um acordo com o movimento sindical. É um acordo inédito porque o movimento sindical organizado nunca discutiu com nenhum governo o salário mínimo."
Avanços e recuos
As centrais admitem que as negociações sobre o reajuste da tabela de imposto de renda foram marcadas por avanços e recuos.
Entre os avanços está o compromisso em corrigir a tabela de imposto de renda.
"Foi uma vitória conseguir vincular o reajuste do mínimo à correção da tabela. A equipe econômica queria desvincular um assunto do outro", disse Feijóo. Para Paulinho, ficou claro na reunião de quinta que a vontade política venceu a opinião da equipe econômica. "Existia um embate entre duas tendências. A linha política venceu e a equipe econômica saiu perdendo."
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