A geração de emprego e renda é o principal desafio dos municípios do Centro-Sul do Paraná, uma das regiões mais pobres do estado. A economia local se baseia na agropecuária, mas o modelo de cultivo da região não acompanhou o desenvolvimento e a modernização do agronegócio, que trouxe riqueza para grande parte do estado. A produção ainda se concentra em pequenos agricultores, com produtos de baixo valor agregado. A indústria também é incipiente e o comércio, com pouca expressividade. Com uma economia pouco desenvolvida, os municípios têm baixa arrecadação e as prefeituras dependem de repasses dos governos federal e estadual. Sem dinheiro para investir, a população sofre com a falta de equipamentos e serviços sociais, como escola e postos de saúde. O desenvolvimento da região será discutido hoje por lideranças locais, em Guarapuava, na oitava etapa do Fórum Futuro 10 Paraná.
Os índices sociais do Centro-Sul chamam atenção pelos aspectos negativos. Dos dez municípios com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado, três estão localizados na região: Mato Rico, Laranjal e Santa Maria do Oeste. A região central também tem a maior taxa de mortalidade infantil do estado, são 25,81 mortes para cada mil nascidos vivos, 57% maior do que o índice do Paraná (16,47). A Organização Mundial da Saúde estabelece como taxa máxima de mortalidade dez mortes para cada mil nascidos vivos.
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) fez um estudo sobre os municípios do estado e criou um índice para medir a situação socioeconômica. O diagnóstico foi mais desanimador do que o IDH. Dos dez piores índices, sete são de cidades do centro paranaense. "As políticas públicas devem se voltar para esses municípios, que estão desgastados e abandonados", diz o pesquisador do Ipardes Ivo Barreto Melão, que coordenou o estudo.
Os municípios com baixos índices de desenvolvimento têm características comuns. São cidades muito pequenas, com menos de 10 mil habitantes, e predominantemente rurais. Mato Rico, a 143 quilômetros de Guarapuava, a cidade com os piores índices de desenvolvimento da região, por exemplo, tem cerca de 5 mil habitantes, mas 85% deles moram na zona rural. Como a principal fonte de receita dos municípios vem do IPTU, cobrado somente sobre imóveis urbanos, as prefeituras quase não possuem arrecadação própria. "Dependemos quase que exclusivamente dos repasses federais e estaduais", diz o prefeito de Mato Rico, Nílson Padilha. "O valor do IPTU arrecadado é irrisório, R$ 14 mil anuais", afirma o secretário da Administração de Laranjal, Aroldo da Silva Lopes Júnior.
Sem recursos, as prefeituras têm negociado a liberação de financiamentos e dado assistência técnica para iniciativas da comunidade. Em Mato Rico, foram implementados projetos para criação do bicho-da-seda e plantações de fumo, com recursos do Pronaf e de empresas privadas. Uma cooperativa de produção de leite foi reativada. "Estamos incentivando toda a cadeia produtiva do leite", conta Nílson Padilha. Uma curiosidade em relação a essa cooperativa é que ela passou a ser administrada apenas por mulheres.
A produção de leite é uma vocação que está sendo explorada pelos pequenos municípios da região. Em Santa Maria do Oeste, a prefeitura pleiteou a liberação de recursos do programa Paraná 12 Meses, do governo do estado, para que pequenos produtores comprassem novilhos. "Caminhões de outras cidades passaram a vir buscar leite em Laranjal", diz o chefe de gabinete da prefeitura, Meinaldo Schreiner.
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