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atos ilícitos

Cerca de 800 delegados são investigados pela Corregedoria da Polícia de SP

Problemas estruturais, formação deficiente e remuneração baixa são fatores que, para o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Luiz Gonzaga Dantas, contribuem para elevar o número de policiais envolvidos em atos ilícitos. "A polícia ficou defasada ao longo da história e isso precisa ser corrigido", disse em entrevista à Agência Brasil.

O ouvidor confirmou que cerca de 800 delegados paulistas, 24% do total, estão sob investigação da corregedoria para apurar a prática de crimes como extorsão, enriquecimento ilícito, violência, prevaricação (utilização do cargo em benefício próprio) e mau uso do dinheiro público.

A Delegacia-Geral de Polícia, no entanto, divulgou nota em que informa que no ano passado foram abertos apenas 48 processos administrativos contra delegados e que não tem levantamento sobre o número de profissionais investigados pela corregedoria atualmente.

De acordo com Dantas, o policial com dificuldades financeiras não tem condições de exercer bem suas funções. "Você não pode querer que um policial que ganha mal, mora mal, tem problemas de sobrevivência, possa ter um desempenho de um policial do primeiro mundo", considerou.

Por isso, o aumento do salário dos delegados paulistas é apontado pelo ouvidor como uma das medidas necessárias para elevar a qualidade dos serviços prestados à população. "Para uma função específica você precisa pagar bem. E aí você vai resgatar a autoestima, a dignidade e o orgulho de ser policial", afirmou.

Fatores como instrumentos de trabalho e qualificação também são importantes, na avaliação do ouvidor. "Essas pessoas precisam ser bem preparadas, ter um ambiente estruturado, computadores, salas adequadas e pessoal de informática em número suficiente para atender à demanda do estado de São Paulo."

Dantas ressaltou que os processos da corregedoria tratam apenas de suspeitas. "A investigação vai dizer se eles [delegados] têm culpa ou não". Ele acredita que, após a apuração, a maior parte dos policias deverá ser inocentada.

Para o presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo (Sindpesp), José Leal, o elevado número de investigações é um sinal de que a instituição é transparente. "Isso é uma prova de que nossa instituição é transparente, não se sepultam os assuntos que são apurados."

Leal reclamou da desvalorização da categoria pelo governo estadual, que se recusa a atender diversas reivindicações dos delegados. Segundo ele, a remuneração da categoria não é reajustada anualmente, como previsto em lei, nem direitos, como o adicional por local de exercício, são incorporados à aposentadoria. "Somos vistos como despesa, não como gente", afirmou.

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