Algumas pessoas que foram até a Rua Bispo Dom José, no Batel, levaram cadeiras de praia e sanduíches| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Os primeiros a chegar colocaram cadeiras de praia na calçada.
O objetivo da manifestação é que as pessoas fiscalizem o poder público.
Um saxofonista tocava músicas melancólicas enquanto algumas pessoas dançavam.
A Guarda Municipal acompanha a movimentação.
Toni Reis e o marido David Harrad prestigiaram a manifestação
A organizadora do evento, Kaley Michelle posou para fotos, com inscrições no corpo
Manifestantes pintaram o corpo para protestar
Às 16 horas, pouco mais de cem pessoas participavam da Farofada
Jovens skatistas se uniram ao protesto
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Com cadeiras de praia e guarda-chuva na mão, um grupo animado se reuniu, na tarde deste domingo (5), para participar da "Farofada no Granito", nas calçadas da Rua Bispo Dom José, no bairro Batel, em Curitiba. O evento, marcado pelo Facebook para o meio-dia, começou de forma tímida, mas a participação foi aumentando gradativamente, registrando pico de pouco mais de cem pessoas por volta das 16 horas.

O objetivo da manifestação era chamar a atenção das autoridades e mobilizar a sociedade civil a fiscalizar a aplicação de recursos públicos e debater a ocupação dos espaços públicos. O evento surgiu a partir dos organizadores da Marcha das Vadias, da Marcha pela Legalização da Maconha e da Marcha pelo Estado Laico.

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Os manifestantes se concentraram na esquina da Rua Bispo Dom José, com a Rua Deputado Antônio Baby, provocando o bloqueio de uma das faixas da via. Entre os participantes, havia cicloativistas e skatistas, que chamavam a atenção para formas mais sustentáveis de locomoção.

Algumas mulheres usaram a criatividade para protestar contra congressistas. Trajando biquínis, elas exibiam mensagens escritas no próprio corpo. Os principais alvos eram o senador Renan Calheiros (PMDB) e o deputado federal Marco Feliciano (PSC) – "Beijos pro Feliciano", diziam algumas inscrições. O vereador José Carlos Chicarelli (PSDC) também foi lembrado no ato.

"É uma forma de manifestarmos que estamos insatisfeitos com todas essas incoerências em Brasília, mas não podemos nos esquecer daqui. Muitos se manifestam contra o Feliciano, mas se esquecem do seu vereador", disse a atriz e produtora Kaley Michelle, uma das organizadoras do evento.

A Farofada recebeu apoio da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), por meio do presidente da entidade, Toni Reis, que participou da manifestação. Ao lado do marido, David Harrad, ele participou dos debates, no famigerado calçadão de granito.

"A questão da calçada é só a ponta do iceberg e simboliza as contradições que Curitiba carrega em si. Apesar de ser considerada uma cidade de primeiro mundo, ainda há muitas coisas arcaicas por aqui. Precisamos debater isso de forma democrática", disse Reis.

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No início do evento, por volta das 13 horas, um saxofonista tocava músicas melancólicas enquanto algumas pessoas dançavam. Ao longo da tarde, outros participantes também levaram instrumentos musicais e faziam pequenas intervenções artísticas ao longo do ponto da manifestação.

Kaley Michelle também se vestiu com jornais, simbolizando o que ela chamou de "censura das mídias", em relação a alguns temas. A Farofada contou ainda com apitaços e com palavras de ordem gritadas em um megafone.

Na página criada para o protesto na rede social, mais de 7 mil pessoas confirmaram presença neste domingo. Segundo Kaley, o nome "farofada" é uma ironia com o dinheiro gasto no local. "Muita gente tem o conceito de que farofada é uma festa de pobre e contrasta com o que vemos aqui," disse.

Polêmica

A calçada da Rua Bispo Dom José chamou a atenção desde o anúncio da instalação, devido ao alto custo das peças de granito utilizadas na obra. Segundo a prefeitura, cada uma saiu por R$ 149.

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A reforma fez parte da revitalização da área central de Curitiba e foi iniciada na gestão do ex-prefeito Luciano Ducci. Depois de várias discussões, a prefeitura, sob o comando de Gustavo Freut, reavaliou o projeto. Primeiro a obra foi suspensa e ficou decidido que ela seria finalizada com lajotas de concreto. O custo ficou em R$ 65 cada metro quadrado, uma economia de R$ 84 por metro quadrado.

Nova Farofada

Os participantes decidiram promover uma nova "Farofada", que deve ocorrer dentro de três semanas, na Praça Rui Barbosa. A próxima edição - já batizada de "Farofada do Busão" - vai cobrar transparência na gestão do transporte coletivo e se posicionar contra o aumento recente ocorrido na tarifa em Curitiba. "O prefeito tinha prometivo que não subiria a passagem e que abriria a 'caixa-preta' da Urbs", justifica Kaley.

Farofada no Granito