Urbs investigou apenas 14 táxis em Curitiba
A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) realizou audiência pública para definir o edital de licitação para novos táxis na capital sem ter resolvido os vícios do atual sistema de licenças. O órgão municipal tinha prometido fazer um recadastramento dos 2.252 autorizatários (a quem as placas são cedidas) para detectar possíveis irregularidades, como pessoas com mais de uma permissão, por exemplo. Quem não estivesse adequado à legislação, teria a autorização cassada.
O anúncio foi feito em março, após a Gazeta do Povo revelar a existência de um mercado paralelo de placas e o arrendamento de táxis, contrariando as normas do serviço. As denúncias envolviam médicos, advogados e funcionários públicos que detinham concessões, apesar de não dirigirem os carros. Mas, apesar dos indícios, o pente-fino não foi feito até agora.
Pouco mais de mil pessoas compareceram à audiência pública na noite desta quinta-feira (4), no salão de atos do Parque Barigui, em Curitiba, para definir o edital de licitação para novos táxis na cidade. O evento, promovido pela Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), contou com a participação de interessados nas condições da concorrência para as 750 novas placas, além de taxistas que já trabalham na capital paranaense.
A presença dos motoristas no evento ajudou a diminuir o número de táxis em circulação a partir das 19h desta quinta-feira, quando a audiência teve início. Três estacionamentos do Parque Barigui ficaram tomados pelos táxis. A estimativa da prefeitura era de que a audiência terminasse por volta das 22h30.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato, a partir das 20h, com cinco empresas de táxis, para estimar o volume de atendimento. Três delas admitiram estar com a frota reduzida por conta da audiência, outra declarou que a "fila" de espera chegava a 20 clientes, e em uma delas o sistema telefônico esteve ocupado nas três tentativas de pedido.
"Todos os taxistas foram convocados para participar da audiência", afirmou Abimael Mardegan, presidente do Sindicato dos Taxistas do Paraná (Sinditaxi-PR), antes de o evento começar. Mardegan garante que o sindicato fez o maior esforço possível para mobilizar todos os trabalhadores a comparecerem.
O receio de que faltassem veículos já existia nas empresas ainda antes de a audiência começar. Na tarde desta quinta, a empresa Radio Táxi Curitiba informou que as atendentes estavam preparadas para uma queda brusca na oferta de veículos a partir das 19h.
Alguns motoristas afirmaram, na tarde desta quinta, que não iriam participar da audiência. Mas a maioria reconheceu que grande parte dos colegas decidiu ir ao evento e o risco de faltar carros era grande. "Eu mesmo vou continuar trabalhando, pois já participei de outras mobilizações e a gente fica sempre sem resposta. Mas eu sei que vai ter muita gente lá", avalia o taxista Jackson da Silva.
Outro motorista, Aladir Marques, também confirmou que boa parte dos trabalhadores iria comparecer à audiência. "É o momento mais importante para a categoria nos últimos anos, tenho certeza que vamos comparecer em massa", declarou.
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