O governo lançou ontem um plano de combate ao desmatamento do Cerrado para frear até 2011 o ritmo de devastação, que já chegou a 48,2% da vegetação original, ou quase 1 milhão de quilômetros quadrados. Só nos últimos seis anos, 127 mil km² do bioma foram postos abaixo, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. O atual ritmo de devastação é de 20 mil km² por ano. Os números são do monitoramento por satélite que analisou imagens de 2002 a 2008 e mostram o avanço do desmate, pressionado pela expansão das lavouras de cana-de-açúcar, soja, pecuária e pela produção de carvão.
Além das ações de repressão, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado (PPCerrado) prevê medidas de ordenamento territorial, criação de unidades de conservação e implementação de planos de bacias. A previsão orçamentária para o plano até 2011 é de R$ 400 milhões. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ressaltou a importância da aprovação da Proposta de Emenda Constituição (PEC) 115/95, que torna patrimônios nacionais o Cerrado e a Caatinga. Já faz 14 anos que essa PEC tramita.
"Os dados mostram realidade muito cruel. Hoje em dia se desmata no Cerrado o dobro do que se desmata na Amazônia. Não queremos que o Cerrado de hoje vire a Mata Atlântica", comparou o ministro. A Mata Atlântica percorria o litoral brasileiro de ponta a ponta e se estendia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ocupando 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Atualmente restam apenas 20% de sua extensão original.
Fiscalizar e controlar
O governo listou os 60 municípios que, juntos, foram responsáveis por um terço do desmatamento no Cerrado entre 2002 e 2008 e que serão alvos prioritários das ações de fiscalização e controle. De acordo com o levantamento, o desmate recente está concentrado no Oeste da Bahia, na divisa com Goiás e Tocantins, e no Norte de Mato Grosso. As áreas coincidem com as regiões produtoras de grãos e de carvão.
A devastação do Cerrado também ameaça a oferta de recursos hídricos do país. Considerado a caixa dá água do Brasil, o bioma concentra as nascentes das bacias hidrográficas do São Francisco Araguaia-Tocantins e do Paraná-Paraguai. "Se você desmatar mais essas bacias, vai ter menos água, menos energia renovável, menos hidrelétricas. Não estamos preocupados apenas com os bichinhos, com a biodiversidade, estamos preocupados com o desenvolvimento do Brasil", disse Minc.
Segundo Minc, a resistência de ruralistas para reduzir o desmatamento no Cerrado vai ser maior que a enfrentada pela área ambiental na Amazônia. "A briga vai ser maior: a gritaria vai ser maior, porque no Cerrado as atividades econômicas estão muito mais consolidadas. A guerra vai ser muito mais difícil do que a outra, que já não é mole", aposta.
Além de frear o desmate, o governo quer aumentar o porcentual de áreas de preservação no Cerrado. Atualmente, a soma de unidades de conservação federais e estaduais corresponde a 7,5% da área total do bioma. A meta, assumida inclusive internacionalmente no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica, é chegar a 10%.
Amanhã, o ministro participa de uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para fechar fornos ilegais de carvão no Cerrado. O plano vai estar em consulta pública a partir de hoje na página do Ministério do Meio Ambiente na internet.
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