Foz do Iguaçu O delegado-chefe da Polícia Civil de Foz do Iguaçu, José Roberto Jordão, foi preso ontem durante a Operação Avalanche, realizada pela Secretaria de Segurança Pública e Promotoria de Investigação Criminal (PIC). Ele é acusado de participar de uma rede de corrupção que recebia dinheiro de empresários para liberar o funcionamento de máquinas caça-níquel e do jogo do bicho em Foz do Iguaçu. Segundo a PIC, o grupo teria movimentado cerca de R$ 2 milhões para o pagamento de propina desde outubro de 2004. Outros policiais podem estar envolvidos.
Os comerciantes Ailson Aparecido Gomes, José Henrique Bonvino, Joel Rodrigues, Simione Braz Thuller, Jair Maximiano da Silva e Ivan Verri também foram detidos na operação. O secretário municipal de Esportes, Emerson Wagner, e o advogado Osvaldo Loureiro de Mello Júnior, estão sendo procurados, mas estavam foragidos até o início da noite de ontem. No total, a PIC tinha 19 mandados de busca e apreensão para cumprir e outros sete de prisão.
Flagrante
Jordão foi flagrado na região central da cidade em sua viatura, após ter recebido R$ 1 mil do dono de uma lotérica da cidade para não apreender uma máquina de caça-níquel. Ele e outros acusados de participar do esquema receberiam um pagamento mensal, chamado de "mensalinho da polícia", para serem coniventes com o jogo ilícito. O valor variava a cada mês.
Segundo o promotor da PIC, Rudi Rigo Burkle, os empresários que exploravam os jogos montaram uma espécie de cooperativa para subornar os policiais. Aqueles que não faziam parte do esquema tinham as máquinas caça-níqueis apreendidas. Ainda de acordo com o promotor, o delegado não era o chefe da rede.
O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que viajou para Foz do Iguaçu logo após o anúncio da prisão, diz que inicialmente 40 pessoas estão envolvidas na quadrilha, mas o número pode chegar a 80. Segundo ele, o dinheiro gerado pela corrupção em Foz do Iguaçu era repassado para outros escalões da estrutura policial. Haveria inclusive participação de policiais civis e policiais militares de outras cidades do estado, incluindo de Curitiba. A Secretaria de Segurança Pública e a PIC estavam investigando a rede de corrupção há um ano.
Buscas
Durante a operação, os policiais fizeram diversas buscas em Foz do Iguaçu. Em uma galeria do centro foi encontrado um mini-cassino, com mesas de pôquer. Os policiais apreenderam computadores, documentos, baralhos, fichas e o alvará de funcionamento do estabelecimento, assinado pelo delegado Jordão. Também foi retida uma máquina usada para imprimir talões do jogo do bicho. De um depósito foram retiradas mais de 50 máquinas caça-níqueis.
O delegado Jordão vai responder por crime de formação de quadrilha, concussão (crime praticado por funcionário público) e corrupção passiva. Ele será levado para Curitiba, submetido a um procedimento administrativo e poderá ser demitido da polícia. Segundo Delazari, em breve será nomeado um novo delegado-chefe para Foz do Iguaçu.
Jordão assumiu a delegacia de Foz do Iguaçu em 2004, após o afastamento do então delegado Haroldo Davison, em fevereiro de 2004. Na ocasião, Davison foi obrigado a deixar o cargo após denúncias veiculadas pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC) de que policiais sob seu comando estariam bebendo cerveja nos distritos da cidade. No dia 23 de junho de 2004, o ex-chefe do setor de Furtos e Roubos da 6.ª Subdivisão Policial de Foz do Iguaçu, Fioravante Perruchon dos Santos, também foi preso pela PIC sob a acusação de extorsão.
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