O Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), da Polícia Civil do Paraná, realizou na manhã desta terça-feira (19) uma operação no Hospital Evangélico, em Curitiba, que faz parte de uma investigação sobre crimes contra a saúde pública e sobre a morte de pacientes dentro do hospital.
Durante a ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão. Uma médica - chefe geral da Unidade Terapia Intensiva (UTI) do hospital - teve a prisão temporária, de 30 dias, decretada e ficará detida durante parte das investigações. O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública divisão do Ministério Público do Paraná acompanha o caso.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que vai participar de uma sindicância para investigar os casos de morte na UTI do hospital. De acordo com o órgão, uma médica foi presa sob suspeita de ser responsável por mortes de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva do Evangélico. A médica é a chefe-geral da UTI do hospital, a intensivista Virginia Soares de Souza.
Pela manhã, funcionários do Hospital Evangélico que não quiseram se identificar relataram que cerca de dez policiais estiveram no estabelecimento de saúde. Eles entraram pela portaria do setor de Nutrição e foram para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no quarto andar, segundo os empregados. Alguns funcionários do hospital foram levados para a delegacia para prestar esclarecimentos. Dois policiais também saíram do hospital com envelopes de documentos, acompanhados de um médico que não estava algemado.
Investigação
A delegada titular do Nucrisa, Paula Christiane Brisola, afirmou que a investigação começou há um ano, com base em denúncias dos próprios funcionários do hospital. Segundo ela, aproximadamente 30 funcionários da UTI do Evangélico serão ouvidos nesta terça-feira. A delegada disse ainda que a médica trabalha na instituição há 20 anos. Paula não deu detalhes sobre o caso, que corre em segredo de Justiça.
Após prestar depoimento à tarde, a médica Virginia Soares de Souza foi transferida para o Centro de Triagem I, em Curitiba, onde está detida, sozinha, em uma sala, segundo o advogado de defesa dela, Elias Mattar Assad.
Sindicância
O Hospital Evangélico também relatou, via assessoria de imprensa, que foi instaurada uma comissão de sindicância interna para apurar os fatos denunciados e que não comentariam a ação policial porque não tem conhecimento adequado dos fatos para emitir qualquer parecer. Em relação à profissional detida, o hospital diz reconhecer sua competência profissional e afirma que, até o momento, desconhece qualquer ato técnico que tenha ferido a ética médica e foi cometido pela profissional
A Polícia Civil, por meio da assessoria de imprensa, disse que o caso é sigiloso e que as investigações ainda estão em curso. Uma coletiva de imprensa chegou a ser marcada para o final desta tarde, devido à repercussão do caso, mas o evento acabou sendo cancelado.Defesa
Em nota publicada em sua página na rede social Facebook, o advogado Elias Mattar Assad, responsável pela defesa de Virgínia, disse que uma análise preliminar mostra que a médica não praticou nenhum ato ilícito e que a "suspeita deriva de errada interpretação de escuta telefônica e/ou pessoas próximas não familiarizadas com procedimentos de UTI".
Assad ainda acrescentou que a intensivista "sempre agiu preservando vidas dentro da ética médica e dos critérios nacionais de terapia intensiva com criteriosas discussões dos casos com médicos assistentes e famílias dos pacientes".
Por fim, o advogado informou que a defesa provará a inocência de Virgínia e que assim que a defesa completar os estudos sobre o caso vai ingressar com pedido de liberdade da médica.
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