"Ela está tranquila e disse que tudo não passa de um equívoco", afirma advogado de médica presa
O advogado Elias Mattar Assad, que defende a médica e chefe-geral da UTI do Hospital Evangélico, Virgínia Soares de Souza, presa pela Polícia Civil nesta terça-feira (19), disse que a suspeita levantada contra sua cliente é um "equívoco", que teria sido criado principalmente por meio de interpretações errôneas de termos médicos que a intensivista utiliza diariamente no trabalho. "Deve ser alguma coisa que ela falou como vai suspender o oxigênio para ver se o paciente vai respirar sozinho, e nisso passou algum enfermeiro que pode ter achado que o desligamento [de aparelhos médicos] era para matar o paciente".
Sindicância vai apurar denúncias do Evangélico
A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba abriu uma sindicância para investigar as irregularidades na UTI do Hospital Evangélico, que contará com a participação de representantes da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) e do Ministério da Saúde. O auditor do órgão federal Mário Lobato da Costa conduzirá a investigação. A pasta também solicitou à diretoria do Hospital Evangélico a substituição da equipe de UTI Geral, até a conclusão das investigações, por conta da prisão da médica-chefe do setor.
A comissão de saúde trabalhará paralelamente à investigação policial. De acordo com a prefeitura, um médico-observador será nomeado por uma junta administrativa, composta pela secretaria, Conselho Regional de Medicina e Sociedade Evangélica Beneficente. Esse profissional deverá acompanhar os serviços realizados pelo hospital a partir de agora.
Por causa das medidas e para suprir qualquer eventual dificuldade de atendimento no Evangélico, as secretarias municipal e estadual de Saúde trabalham para colocar em funcionamento dez novos leitos de UTI no Hospital do Trabalhador.
A Sesa já desiginou dois representantes para atuarem na comissão.
CRM deve instaurar sindicância
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou na tarde desta terça-feira (19) que por enquanto não irá se manifestar sobre as investigações da Polícia Civil que têm como alvo procedimentos médicos do Hospital Evangélico, em Curitiba. No entanto, o Conselho disse, em nota, que "as providências cabíveis para abertura de sindicância já estão sendo tomadas", assim que a entidade tiver acesso aos autos da investigação.
De qualquer forma, o CRM-PR afirma reiterar a confiança na classe médica, especialmente nos profissionais que atuam em UTIs de hospitais do estado.
O Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), da Polícia Civil do Paraná, realizou na manhã desta terça-feira (19) uma operação no Hospital Evangélico, em Curitiba, que faz parte de uma investigação sobre crimes contra a saúde pública e sobre a morte de pacientes dentro do hospital.
Durante a ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão. Uma médica - chefe geral da Unidade Terapia Intensiva (UTI) do hospital - teve a prisão temporária, de 30 dias, decretada e ficará detida durante parte das investigações. O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública divisão do Ministério Público do Paraná acompanha o caso.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que vai participar de uma sindicância para investigar os casos de morte na UTI do hospital. De acordo com o órgão, uma médica foi presa sob suspeita de ser responsável por mortes de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva do Evangélico. A médica é a chefe-geral da UTI do hospital, a intensivista Virginia Soares de Souza.
Pela manhã, funcionários do Hospital Evangélico que não quiseram se identificar relataram que cerca de dez policiais estiveram no estabelecimento de saúde. Eles entraram pela portaria do setor de Nutrição e foram para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no quarto andar, segundo os empregados. Alguns funcionários do hospital foram levados para a delegacia para prestar esclarecimentos. Dois policiais também saíram do hospital com envelopes de documentos, acompanhados de um médico que não estava algemado.
Investigação
A delegada titular do Nucrisa, Paula Christiane Brisola, afirmou que a investigação começou há um ano, com base em denúncias dos próprios funcionários do hospital. Segundo ela, aproximadamente 30 funcionários da UTI do Evangélico serão ouvidos nesta terça-feira. A delegada disse ainda que a médica trabalha na instituição há 20 anos. Paula não deu detalhes sobre o caso, que corre em segredo de Justiça.
Após prestar depoimento à tarde, a médica Virginia Soares de Souza foi transferida para o Centro de Triagem I, em Curitiba, onde está detida, sozinha, em uma sala, segundo o advogado de defesa dela, Elias Mattar Assad.
Sindicância
O Hospital Evangélico também relatou, via assessoria de imprensa, que foi instaurada uma comissão de sindicância interna para apurar os fatos denunciados e que não comentariam a ação policial porque não tem conhecimento adequado dos fatos para emitir qualquer parecer. Em relação à profissional detida, o hospital diz reconhecer sua competência profissional e afirma que, até o momento, desconhece qualquer ato técnico que tenha ferido a ética médica e foi cometido pela profissional
A Polícia Civil, por meio da assessoria de imprensa, disse que o caso é sigiloso e que as investigações ainda estão em curso. Uma coletiva de imprensa chegou a ser marcada para o final desta tarde, devido à repercussão do caso, mas o evento acabou sendo cancelado.Defesa
Em nota publicada em sua página na rede social Facebook, o advogado Elias Mattar Assad, responsável pela defesa de Virgínia, disse que uma análise preliminar mostra que a médica não praticou nenhum ato ilícito e que a "suspeita deriva de errada interpretação de escuta telefônica e/ou pessoas próximas não familiarizadas com procedimentos de UTI".
Assad ainda acrescentou que a intensivista "sempre agiu preservando vidas dentro da ética médica e dos critérios nacionais de terapia intensiva com criteriosas discussões dos casos com médicos assistentes e famílias dos pacientes".
Por fim, o advogado informou que a defesa provará a inocência de Virgínia e que assim que a defesa completar os estudos sobre o caso vai ingressar com pedido de liberdade da médica.
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