A segunda etapa do Mais Médicos possui 18 profissionais reprovados no Revalida deste ano. Aplicado em agosto, o exame federal é um dos caminhos para revalidar o diploma de medicina obtido no exterior, mas não é pré-requisito para participação no programa.
Esse grupo se soma aos outros 48 médicos inscritos no primeiro edital do programa federal que não seguiram para a prova prática do Revalida, como revelou a Folha de S.Paulo na semana passada. Os 18 médicos estão na lista de 1.834 profissionais que receberam o registro único do Ministério da Saúde na última sexta-feira, para atuar em postos de atenção básica em diversos Estados do país. A maior parte deles está na região Nordeste, principalmente no Ceará (seis).
Ao todo, esses 66 profissionais fazem parte de um universo de 2.515 médicos já autorizados a atender a população por meio do programa, que visa aumentar a presença de médicos no interior do país e em periferias de capitais.
O Revalida 2013 foi aplicado em 25 de agosto e a inscrição na segunda etapa do Mais Médicos foi concluída cerca de um mês depois, antes que os participantes do exame soubessem do resultado da prova, divulgado apenas em outubro.
Do total de 1.595 participantes do exame, 1.440 não foram aprovados para a segunda fase. Apenas 155 (9,7%) seguiram para a prova prática. Entre esses, está um profissional atuando no Mais Médicos. Formado na Argentina, Alan Zanluchi, 29, afirmou acreditar no programa. "Pretendo continuar", disse.
Questionado pela reportagem na ocasião, o Ministério da Saúde afirmou que os médicos com diploma estrangeiro são avaliados em conhecimentos de língua portuguesa e saúde antes de atuarem no Mais Médicos.A pasta afirma que a não exigência do Revalida "visa garantir que os médicos participantes atuem exclusivamente na atenção básica do SUS, no âmbito do programa". Já aqueles que têm o diploma revalidado no país podem atuar sem restrições no território nacional.
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) defendeu os profissionais reprovados no exame federal e inscritos no programa também do governo federal. "Eu me consultaria sem nenhum problema." Ele ainda apontou diferenças entre o perfil cobrado na prova e o exigido para atuar na atenção básica. "Os médicos do Mais Médicos estão aqui para cuidar da atenção básica. O Revalida é para quem quer operar, fazer procedimento de alta complexidade", disse.
CríticasProfissionais reprovados no Revalida disseram que o modelo da prova tem o objetivo de barrar a vinda de médicos formados no exterior.
"Na prova, [é preciso responder] como vai tratar uma pessoa com um problema no coração dos mais complicados. Na vida real, você encaminha a um cardiologista", disse Udelson Gemha, um dos reprovados no exame e inscrito no Mais Médicos - ele atua no interior de Goiás. "É uma questão de conhecimento específico", completou ele, que foi aprovado na revalidação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Vinícius Bareta, formado na Argentina e trabalhando no interior de Santa Catarina, diz que a prova não é "feita para avaliar a capacidade do profissional, está para dificultar".
Ele comparou situações com que se depara no Mais Médicos com as exigidas no exame. "No Revalida, eu tenho dois minutos para responder um caso clínico de uma página. Aqui, tenho no mínimo 15 minutos com meu paciente." Bareta também já foi aprovado pela UFMG, mas decidiu fazer o Revalida enquanto aguarda o documento.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirma que a prova mede os conhecimentos médicos básicos para atuar no país e é contra eventuais calibragens no grau de dificuldade do exame.
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