A petroleira norte-americana Chevron evitou questionar as medidas restritivas às suas operações no Brasil anunciadas pelo governo na quarta-feira (23) e afirmou que o principal objetivo agora é entender a geologia e o motivo do vazamento no campo do Frade, na bacia de Campos. O presidente da Chevron para a região de América Latina e África, Ali Moshiri, encontrou-se nesta quinta-feira (25) com o ministro de Minas e Energia brasileiro, Edison Lobão, e disse que a empresa será "paciente" sobre o processo que apura o vazamento de óleo no campo de Frade, que opera na bacia de Campos. "Não estamos planejando retomar as perfurações até que possamos entender completamente a situação", afirmou Moshiri a jornalistas ao chegar ao ministério para reunião com Lobão. Segundo ele, a empresa já havia se preparado para interromper os trabalhos na área. Questionado também sobre a negativa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) sobre pedido para explorar o pré-sal, ele afirmou: "vamos esperar, somos pacientes".
Inocente Após a reunião, Moshiri classificou a conversa como "ótima". Ele informou ao ministro que a mancha de óleo foi reduzida a menos de um décimo de barril de óleo. Moshiri evitou responder se vai recorrer das multas aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ele disse apenas que a empresa está analisando as multas -o Ibama já aplicou uma de 50 milhões de reais e a ANP deve aplicar mais duas de até 50 milhões de reais cada uma. O ministro Edison Lobão não soube responder se a Petrobras, sócia da Chevron no poço com 30 por cento, vai dividir o pagamento das multas, mas disse que a estatal brasileira arcará com parte do prejuízo pelo fim das atividades no poço.
Moshiri disse que até meados de dezembro o poço onde ocorreu o vazamento será selado. Segundo Lobão, o presidente da Chevron para América Latina e África declarou a empresa "inocente das acusações que recebe". Lobão disse ter respondido que o Brasil "tem as portas abertas para o capital externo, mas tem regras, respeita contratos, mas exige respeito a suas regras internas". "Eu disse a ele que a mancha é indesmentível", acrescentou o ministro. O vazamento de petróleo no campo de Frade ocorreu quando a Chevron perfurava um novo poço cerca de 200 metros distante do local onde a empresa já produz aproximadamente 75 mil barris de petróleo por dia. Segundo a companhia, uma pressão inesperada de petróleo no poço em perfuração fez com que o óleo vazasse e se infiltrasse em rachaduras na rocha marinha. Esse petróleo, posteriormente, conseguiu chegar à água por meio de outras fraturas na rocha. A empresa calcula que vazaram cerca de 2,5 mil barris de petróleo para o mar, causando as manchas que foram vistas na região. Outras entidades, como a Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, estimam vazamento maior, de aproximadamente 15 mil barris. Na quarta-feira, a ANP suspendeu todas as atividades de exploração da empresa no Brasil e rejeitou pedido da Chevron para buscar reservatórios no pré-sal de Frade. A Chevron iniciou produção em sua plataforma tipo FPSO no campo de Frade em 2009. Frade é o único local onde a Chevron é operadora. Ela possui participações em outra área, Papa-Terra e Maromba, também em Campos, e vendeu uma fatia de 20 por cento que detinha na bacia de Santos, no bloco BS-4.
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