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Chiclete com cafeína vira nova onda no mundo esportivo

O ‘Run Gum’, do corredor olímpico Nick Symmonds, tem como alvo atletas. | Divulgação
O ‘Run Gum’, do corredor olímpico Nick Symmonds, tem como alvo atletas. (Foto: Divulgação)

A maratonista de elite Tina Muir está se esforçando ao máximo em suas preparações para dezembro, quando irá atravessar a linha de chegada da Maratona Internacional da Califórnia, em Sacramento. Será a sua quinta vez. Ela trabalha continuamente para ver com exatidão quais serão as abordagens de treinamento e nutrição que a ajudarão a ganhar minutos preciosos no seu tempo. O último acréscimo ao seu regime? Chiclete cafeinado.

Uma das novidades no mercado próspero que é a nutrição esportiva – que deverá chegar aos US$52 bilhões por volta de 2020, segundo a Pesquisa de Transparência de Mercado –, o chiclete cafeinado promete dar um pico de energia com mais rapidez do que outros ergogênicos, porque não precisa passar pelo sistema digestivo primeiro. Muir já se converteu. “Eu experimentei já o gel cafeinado e gostei, mas demorava um pouco para dar efeito”, ela diz. “É duro precisar esperar 10 minutos para ele agir quando você já está cansada e precisa de energia nas últimas milhas da corrida”.

O chiclete, diz ela, age no seu sistema na hora. “Eu masquei o chiclete na 14.ª milha de uma corrida de progressão de 20 milhas, em que eu precisava continuamente apertar o passo”, explica. “Eu percebi uma diferença imediata e significativa com o chiclete. O que eu senti em particular foi uma clareza na minha cabeça e aí superei qualquer dúvida que eu poderia ter naquela altura da corrida”.

Muir está sentindo os efeitos exatos daquilo que o chiclete foi criado para fazer, segundo Kristina LaRue, nutricionista registrada de Orlando especializada em nutrição esportiva. “A cafeína já foi muito bem estudada em suas capacidades de melhorar o desempenho”, diz ela. “Ela permite vencer o cansaço e ajuda muito com o foco e a clareza”.

Até 2004, a World Anti Doping Agency impunha limites no consumo de cafeína, mas é uma substância tão onipresente que a agência acabou cancelando esse limite. Ela ainda permanece proibida, porém, a nível da Associação Atlética Universitária Nacional (NCAA, na sigla em inglês).

Carl Patton, professor associado do Eastern Institute of Technology, conduziu três estudos sobre chiclete cafeinado e o seu impacto no desempenho em esportes de resistência. “Você obtém efeitos semelhantes aos do gel e dos tabletes, mas a cafeína é absorvida mais rapidamente e você não precisa de uma dosagem tão alta”, diz.

Ele confirma também o sentimento de clareza mental que Muir teve. “A cafeína tem o benefício de reduzir a percepção da fadiga, de modo que você pode correr mais com ela no sistema.”

Num estudo de 2014 sobre o impacto do chiclete no desempenho de corrida de ciclistas homens e mulheres, Paton descobriu que os maiores ganhos vinham nos 10 quilômetros finais de uma corrida de 30km. “O chiclete melhorou tanto a capacidade de resistência e de corrida no final, provavelmente por conta de um aumento da ativação do sistema nervoso.”

Um estudo separado conduzido em 2010 com ciclistas homens também descobriu que o chiclete cafeinado retardava os efeitos da fadiga em exercícios de sprint de alta intensidade. Nesse estudo, os pesquisadores mediram as concentrações de testosterona e cortisol e determinaram que o chiclete elevava a testosterona e diminuía o cortisol. Sabe-se comprovadamente que níveis mais altos de testosterona melhoram o desempenho, enquanto o cortisol é um hormônio ligado ao estresse que o prejudica.

É por causa de todos esses motivos que o corredor olímpico Nick Symmonds desenvolveu um chiclete cafeinado que tem como público-alvo os atletas de esportes de resistência. Ele compara o seu “Run Gum” a energéticos como Red Bull, mas sem os potenciais problemas digestivos que às vezes acompanham o consumo desses produtos. “Você quer melhorar o seu desempenho, não quer ficar de estômago cheio”, diz ele. “O chiclete é um veículo muito melhor”.

O corredor Matt Ingram, de 52 anos, da cidade de Plano, Texas, assim como Muir, também se converteu recentemente ao chiclete. “Eu nunca fui muito de suplementos”, diz ele, “mas o chiclete consegue facilitar um pouco esse primeiro passo para mim”. Ingram compete nas corridas master de 400 e 800 metros, ocasionalmente arriscando a de 5 km fora de temporada. “Eu uso o chiclete tanto na hora de treinar quanto na corrida em si.”

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