Em entrevista recente, ao comentar a façanha do amigo e empresário Vinícius França, atacante do Polytheama time criado pelo cantor e que tem a escalação certa do próprio nos últimos 27 anos ao menos três vezes por semana , que teria contabilizado mais gols do que Romário (seriam 9.938), Chico Buarque não se fez de rogado. Afirmou com toda a categoria que, por ser o responsável pela maioria dos passes da artilharia de França, a criação do termo "garçom" no futebol merecia ser creditada a ele.
De passagem por Curitiba para o show Carioca, hoje, amanhã e quinta-feira no Guairão, o cantor não resistiu ao convite de encarar a redonda no relvado. Em um campo de futebol society em Santa Felicidade ontem, no fim da tarde, Chico se contradisse ao pôr a camisa 9 no costado. Ao invés do centroavante enfiado, que espera a bola para concluir a gol, o que se viu foi mais um camisa 8, que sabe inverter a jogada no momento certo, que joga de cabeça erguida, sem olhar para a bola, e distribui o jogo em campo. Em alguns momentos, lembrava um camisa 10 nas arrancadas rumo ao gol. Mas o forte mesmo eram os passes longos.
Ou seja, o que se viu em campo ontem foi exatamente o termo o qual ele afirma ter cunhado. Um meia que adianta a jogada e, antes de efetuar o passe, avalia o terreno e calcula exatamente onde vai estar o companheiro quando a bola sair de seu pé. Guardadas as devidas proporções, lembrava outro tricolor de coração, o tricampeão mundial Gérson, com um adendo: ao contrário do Canhotinha de Ouro, no caso de Chico é a direita que serve como convém a todo bom garçom.
O fato de ser quem é pouco importou em campo. Tudo bem que a marcação adversária não era lá aquelas coisas. Afinal, nenhum defensor, por mais brucutu que possa ser, se arriscaria a contundi-lo e ameaçar as apresentações no Guairão. Se isso acontecesse, muito provavelmente o beque seria mais apedrejado do que Geni nas ruas de Curitiba. E pelas filas que se formaram na compra dos ingressos mês passado, mãos para isso não iriam faltar.
Chico mostrou porque é bom peladeiro quando a coisa apertou. Sabe proteger a bola com o corpo e quando o sarrafo do zagueiro era inevitável, pulava no momento exato, protegendo o corpo e a bola coisa que só quem entende do riscado sabe fazer. De defeito, a marcação. Em nenhum momento Chico ajudou a defesa a não ser com reclamações verbais, sempre muito bem-educadas. Se ao atacar o time tinha oito jogadores, ao defender tinha sete. Mas, diante da oportunidade de trocar passes com o autor de Roda Viva, quem é que ia reclamar de alguma coisa? Que a banda passasse...
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