A deputada federal Christiane Yared (PTN) foi convocada pelo Ministério Público do Paraná (MP) para depor como informante no júri popular do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que deve ter a data definida em breve. Ele é acusado de matar duas pessoas em um acidente de carro em maio de 2009, em Curitiba. Uma das vítimas foi o filho de Christiane, Gilmar de Souza Yared, que, na época, tinha 26 anos.
O MP confirmou a informação e disse que, por ser informante - e não testemunha -, a deputada não tem obrigação de prestar juramento no ato do depoimento.
Em entrevista à imprensa na manhã desta sexta-feira (2) a mãe de Gilmar Yared disse que não vê a participação dela no julgamento como apelativa. “Isso é uma luta”, disse.
Christiane comentou ainda que entre as testemunhas listadas pela assistência de acusação do caso, estão pessoas já incluídas no processo, como garçons e o gerente de um restaurante próximo ao local onde ocorreu o acidente e duas pessoas que testemunharam a colisão.
Contando com os peritos envolvidos na investigação do crime, cerca de 20 pessoas devem ser indicadas como testemunhas. O MP disse que o juiz do caso limitará cinco testemunhas para cada fato, medida que o órgão pede que seja cumprida. Por isso, nem todas as testemunhas indicadas pelo MP, pela assistência de defesa e pela acusação deverão ser ouvidas.
A listagem das testemunhas pode fazer com que o juiz da 2.ª Vara do Júri de Curitiba, Daniel Surdi de Avelar, marque a data para o júri popular do ex-deputado até o final de outubro.
“Esse julgamento será um divisor de águas. Há um país que precisa ver e ouvir respostas. Nós sabemos que vai ser marcada a data do julgamento em breve, mas talvez este ano não aconteça. Talvez venha a acontecer só no ano que vem”, declarou.
Segundo o assistente de acusação Elias Mattar Assad, ainda há dois recursos da defesa de Carli Filho no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar disso, não há impedimento para que o julgamento seja marcado.
O ex-deputado estadual é acusado de ter matado dois jovens –Gilmar de Souza Yared e de Carlos Murilo de Almeida – em um acidente de trânsito em 2009, em Curitiba. Ele responde pelo crime de homicídio doloso eventual. Na época, um exame no hospital onde foi atendido mostrou que Carli Filho tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue do ex-deputado. Como o exame foi feito enquanto ele estava desacordado, foi desconsiderado pela Justiça.
Em fevereiro do ano passado, a 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) encontrou mais uma vez indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica. Os efeitos da embriaguez poderão ser comprovados por outros meios que não o exame de alcoolemia feito no hospital.
Na época, a defesa havia conseguido, com recurso no STJ, que o caso fosse novamente julgado no TJ. Confirmado novamente a ida do ex-parlamentar à júri, era preciso então que o processo voltasse ao primeiro grau para que o juiz prosseguisse o rito processual. Recentemente, o magistrado pediu que as partes indicassem suas testemunhas.