São Paulo anuncia plano de R$ 800 milhões
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), anunciaram, ontem, um plano de R$ 800 milhões para combate às enchentes na cidade. A iniciativa inclui a retirada de 4,18 milhões de metros cúbicos de resíduos da calha do Rio Tietê, ao longo deste ano; a abertura de licitação para a compra de três turbinas para aumentar a capacidade de bombeamento do Rio Pinheiros; a canalização de córregos; a construção de dois piscinões; a construção de um sistema de canais entre São Paulo e Guarulhos para desassoreamento do Rio Tietê; e a criação do Parque da Várzea do Tietê, com a remoção de 5 mil famílias que vivem às margens do Rio.
Pai salva filha em escombros
Em meio às tragédias causadas pelas chuvas, o vendedor Cornélio de Paiva Santos, de 36 anos, viveu um dia de pai herói, em Sorocaba, no interior de São Paulo.
Temporal alaga 125 pontos e trânsito para
O temporal que provocou a morte de 14 pessoas em São Paulo também levou caos ao trânsito e provocou diversos transtornos, afetando, inclusive, as operações do aeroporto Campo de Marte.
Voos atrasam e são cancelados
O mau tempo causou atraso em 46,7% dos voos marcados para partir ontem do Aeroporto Internacional de Garulhos, em São Paulo, segundo a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Dos 165 voos programados, 77 atrasaram. O índice seria consequência das chuvas.
A Infraero não confirma, mas a chuva que atingiu São Paulo pode ter gerado um "efeito cascata" em todo o país. Os aeroportos brasileiros registram 23,9% de atraso em voos domésticos. Dos 2.391 voos previstos para decolar até as 21 horas de ontem, 571 sofreram atraso superior a 30 minutos e 161 foram cancelados. O aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, registrou 16,9% de voos atrasados das 118 partidas programadas até as 21 horas de ontem. Onze voos foram cancelados, segundo a Infraero.
Taiana Bubniak, especial para a Gazeta do Povo, com agências
Em doze horas, as chuvas provocaram a morte de 14 pessoas no estado de São Paulo. A capital paulista amanheceu ontem debaixo dágua. No Rio de Janeiro, um prédio de três andares chegou a desabar deixando três feridos em Nova Friburgo, na região serrana. O desabamento aconteceu durante a tarde de ontem no bairro de Olaria. Em Minas Gerais, subiu para 65 o número de municípios em situação de emergência por causa das chuvas, após a inclusão dos municípios de Belmiro Braga e Caputira na lista. Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, também registrou pontos de alagamentos.
Em São Paulo, só este ano 23 pessoas morreram no estado vítimas das chuvas 14 em apenas doze horas, no último temporal entre segunda e terça-feira. Os últimos registros aconteceram nas cidades de São José dos Campos (5), São Paulo (4), Mauá (3), Embu (1) e Tatuí (1).
De acordo com o Corpo de Bombeiros, na capital paulista foi registrada a morte de um morador de rua, que foi arrastado por uma enxurrada, na Avenida Nove de Julho. Ainda em São Paulo, outras duas mulheres apontadas como mãe e filha morreram soterradas em um desmoronamento de terra na Rua Virgínia de Araújo, bairro Furnas, na região do Tremembé (zona norte). Na capital paulista, o aposentado Amaro Gabriel do Nascimento, de 76 anos, foi vítima de um soterramento, no Capão Redondo, zona sul.
Em São José dos Campos, as cinco vítimas foram soterradas após suas casas serem atingidas por um deslizamento de terra no bairro Rio Comprido. Outras três mortes aconteceram em Mauá, de acordo com os bombeiros, sendo uma de um adolescente de 16 anos, no Jardim Zaíra.
A morte ocorrida em Embu, na Grande São Paulo, em decorrência de deslizamento de terra foi confirmada pelos bombeiros, mas a corporação não deu detalhes sobre a vítima. Em Tatuí, um motociclista, de 21 anos, foi arrastado pela enxurrada e foi parar embaixo de um veículo.
A Defesa Civil municipal mantém o estado de alerta para deslizamentos de terra em sete regiões em São Paulo: Butantã, Campo Limpo, MBoi Mirim, São Mateus, Jacanã, Freguesia do Ó e Pirituba. Outras 18 estão em estado de atenção: Casa Verde, Perus, Santana, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Miguel Paulista, Penha, Cidade Tiradentes, Vila Prudente, Lapa, Capela do Socorro, Ipiranga, Jabaquara, Santo Amaro, Cidade Ademar, Aricanduva/Formosa e Ermelino Matarazzo.
A capital pauslita já registrou 92,5% do índice de chuva esperado para este mês pelo Inmet 221,2 mm dos 239 mm esperados (cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado). De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), é certo que o índice previsto para o mês de janeiro será superado, mas ainda deve ficar abaixo do que o registrado no ano passado, quando a cidade registrou 461,3 mm, quase o dobro dos 239 milímetros esperados para janeiro deste ano. Em janeiro de 2009, a precipitação foi de 246,4 milímetros e, em janeiro de 2008, de 242,6 milímetros. A previsão é que as chuvas continuem durante a semana.
A Cruz Vermelha está arrecadando donativos para a população atingida pelas chuvas em São Paulo. Os produtos prioritários são alimentos não perecíveis, de fácil consumo e preparação, leite longa-vida e itens de higiene pessoal e limpeza, tais como papel higiênico, fraldas descartáveis e sabão em pedra. Mais informações sobre doações pelo telefone (11) 5056-8667 ou pelo e-mail voluntariado@cvbsp.org.br.
No Rio de Janeiro, segundo o Corpo de Bombeiros, dois adultos e uma criança foram resgatados e levados para o hospital depois do desabamento do prédio em Nova Friburgo. Não há informações sobre o estado de saúde das vítimas. Os bombeiros procuraram ainda outros possíveis soterrados. Casas da região, que também correm risco de desabar, estão sendo interditadas. Segundo a Defesa Civil de Nova Friburgo, o local apresenta um tipo de terreno que pode ceder com as chuvas, provocando desmoronamentos de casas e prédios. O Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) havia divulgado ontem um boletim com alerta para riscos de deslizamento na região serrana do Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais, o número de mortes em razão das enxurradas, desabamentos e deslizamentos de encostas chega a 16 desde o início das chuvas. A vítima mais recente é José Maria da Silva, de 38 anos. Boletim da Defesa Civil estadual aponta que, até o momento, 15 mil moradores tiveram de deixar suas casas. Mais de cinco mil imóveis foram danificados parcialmente ou totalmente destruídos. Em Porto Alegre, em apenas uma hora choveu quase metade da média do mês de janeiro, o que causou alagamentos em várias ruas.
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