Após alguns dias de trégua, voltou a chover forte em Natal nesta segunda-feira (23), o que provocou um novo deslizamento de terra no bairro de Mãe Luiza. O local, na periferia da cidade, foi o mais afetado pelos temporais que castigaram a capital potiguar entre os dias 13 e 15 deste mês.
Desta vez, três veículos foram soterrados parcialmente na praia de Areia Preta. Outra casa também desmoronou em uma rua próxima à cratera aberta no mesmo bairro.
Os turistas que estão na cidade para acompanhar o último jogo da Copa na Arena das Dunas são afetados apenas quando vão para a Fan Fest, na praia do Forte, porque o caminho mais fácil está interditado pelos destroços.
Alguns torcedores foram surpreendidos pelo problema, como três uruguaios que tentaram passar pela via e acabaram com o carro atolado na lama. "Não sabíamos dessa situação. Nos informaram apenas para seguir em frente e acabamos aqui", disse Gabriel Tedesco, 36.
Na terça-feira (24), Natal recebe o jogo decisivo entre Itália e Uruguai, às 13h. Mas, apesar das fortes chuvas, a região do estádio não está enfrentando problemas.
Segundo a Defesa Civil de Natal, a cidade tem hoje cerca de cem imóveis interditados, sendo 80 deles em Mãe Luiza. Os demais estão sendo afetados pelas enchentes e por danos estruturais no bairro das Rocas.
Entre os moradores do bairro, cresce o medo de novos deslizamentos. "Nunca vi nada igual a isso. Se a chuva continuar não sei o que será daqui. Tem muita gente que já perdeu tudo. Não sabemos mais o que fazer nem a quem pedir socorro", disse a dona de casa Flávia Batista, 43, que vive no bairro desde que nasceu.
Situação semelhante está sendo enfrentada pela família do comerciante Francisco Gomes de Souza, 50. "Minha casa ainda não foi atingida, mas eu tinha dois imóveis alugados que foram engolidos pela cratera. Minha maior preocupação é com todo esse pessoal que está aqui. Ninguém sabe mais o que fazer. Para a gente essa Copa trouxe foi azar", afirmou.
A prefeitura anunciou que vai pagar aluguel social para as famílias atingidas pela chuva, o que ainda depende de um decreto. Ainda não há previsão de quando começarão nem quanto custarão as obras de reconstrução do local.
A área afetada continua sem água encanada, já que o sistema foi destruído com o deslizamento. A Caern (Companhia de Águas e Esgotos do RN) informou que está trabalhando para restabelecer o serviço o mais rápido possível, mas não tem previsão de quando isso acontecerá.