Rodovias são interrompidas por temporais
A rodovia BR-476, também conhecida com Estrada da Ribeira, que liga Curitiba a Adrianópolis, será totalmente interditada a partir de hoje. O grande volume de chuva que atingiu o Paraná nos últimos dias provocou o deslizamento de parte da pista no quilômetro 16. Há risco de novos desmoronamentos. A chuva também provocou estragos na Estrada do Cerne e na PR-239, que liga o Paraná a São Paulo. Ambas estão bloqueadas desde a tarde de ontem.
Tempestades matam mais quatro em SP
Um barranco de cerca de 20 metros de altura desmoronou, na noite de quinta-feira, no bairro Jardim Aparecida, em Francisco Morato, região metropolitana de São Paulo, matando três pessoas da mesma família: Wagner Lui Gonçalves, 50 anos; Iara da Silva Oliveira Gonçalves, 47 anos; e a filha deles, Amanda Gonçalves de Oliveira, 15 anos.
Rio Belém preocupa Uberaba
As chuvas de janeiro têm levado preocupação a alguns moradores de ruas próximas ao Rio Belém, no bairro Uberaba. Segundo eles, o rio, que antes levava de duas a três horas para atingir as margens quando chovia, agora enche em 40 minutos. "Aqui é complicado quando tem chuva. Ontem mesmo a gente teve que levantar as coisas, porque o rio começou a encher", conta Tatiane Chicanoski.
O aumento constante do volume de água do rio também trouxe um alerta para um possível problema de erosão das margens e na estrutura da ponte que fica na principal via do bairro. De acordo com os moradores, há cerca de um mês, uma das pilastras desabou. A prefeitura diz que já foram feitas reformas e que a atual estrutura da ponte não ofereceria perigo.
Natália Cancian
Apesar das fortes chuvas que atingiram Curitiba nesta semana, as 28 ocorrências recebidas pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) no período de 25 a 29 de janeiro não refletiram a intensidade pluviométrica. Apenas uma situação preocupou os técnicos. Ontem, o muro de uma residência no bairro São Brás corria o risco de desabar sobre uma residência e parte do local foi interditada. Nos 14 pontos de alagamento registrados a água baixou rapidamente, impedindo maiores danos. Janeiro de 2010 registra recorde de chuvas nos últimos dez anos. Em 29 dias foram 345 mm, mais que o dobro dos 165 mm da média histórica.
Em todo o mês, apenas no dia 15 não choveu. Dados do Simepar apontam que a maior média pluviométrica ocorreu na última quinta-feira, com quase 50 mm. A previsão para a próxima semana é de mais sol; no entanto, a tendência de pancadas no fim do dia deve durar até o início do outono. Períodos mais secos, somente no início do segundo semestre, quando o fenômeno El Niño começará a perder força. O meteorologista Tarcísio da Costa diz que o último ano em que choveu tanto foi em 2002, com 217 mm.
O coordenador técnico da Defesa Civil de Curitiba, inspetor Nelson de Lima Ribeiro, explica que, como o solo está permanentemente úmido devido às frequentes chuvas, aumenta o risco de desmoronamentos e deslizamentos de terra. "Há chances de queda de muros e estruturas que não foram bem construídas. A população deve ficar atenta aos sinais e nos contatar assim que notar qualquer indício". Ribeiro afirma que é possível diminuir os riscos de alagamento se as pessoas evitarem colocar o lixo quando há chuva forte. Isso evita que os bueiros entupam e que ocorram alagamentos.
No Parque Barigui, a água chegou a subir cerca de 1 metro em alguns trechos, de acordo com a Guarda Municipal. Com as fortes chuvas, o terreno ficou encharcado, fazendo com que o rio e o lago transbordassem. Próximo à Rua Aluizio França, o trajeto ficou interrompido em função do alagamento. Em alguns locais, lixeiras, bancos e até o parquinho ficaram quase submersos.
A estudante Camila Costa Figueira, 21 anos, não se assustou com a chuva e foi correr. "Nunca tinha visto o parque assim. Trechos da ciclovia estão intransponíveis". O administrador de empresas Rodrigo Ribeiro vai ao local cinco vezes por semana e também nunca viu nada parecido. "Há uma parte onde um córrego se uniu ao lago. Não dá para passar nem distinguir".
Próximo ao Parque Tingui, a água entrou nas casas dos moradores da Rua Alberto Krause. No local, não passavam carros ou ônibus. Na residência de Rita de Cássia Grzybowski, a água chegou à lavanderia e às calçadas. "Precisamos que a prefeitura faça algo. O rio precisa ser limpo".
El Niño
A culpa de toda essa chuva, segundo meteorologistas, é do fenômeno El Niño. Com o superaquecimento das águas do Oceano Pacífico, as condições atmosféricas, como vento e pressão, mudam. Janeiro já é um mês tradicionalmente chuvoso e o El Niño potencializa as pancadas. "Se alguém tem de levar a culpa por isso, não é o aquecimento global", diz Josélia Pegorim, da Climatempo. Ela lembra que o fenômeno atinge o Brasil desde o inverno passado. Com um segundo semestre atípico, não houve estações secas. O solo ficou encharcado, potencializando os alagamentos e problemas decorrentes das tempestades. "A quantidade de água retida no solo agora deveria ser observada somente no fim do verão".
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