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Alagamentos na região central de Almirante Tamandaré, na RMC, são frequentes. Moradores contam que chuvas moderadas, mas intermitentes,  são o suficiente para fazer rios transbordarem e alagarem a cidade | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Alagamentos na região central de Almirante Tamandaré, na RMC, são frequentes. Moradores contam que chuvas moderadas, mas intermitentes, são o suficiente para fazer rios transbordarem e alagarem a cidade| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Dimensão

Várias regiões do estado são prejudicadas

O excesso de chuva também causou transtornos em municípios de outras regiões do Paraná. Em Salto do Lontra, no Sudoeste do Paraná, a chuva e os ventos fortes afetaram 60 residências e destruíram outras duas. Noventa pessoas estavam desabrigadas e outras dez ficaram desalojadas. Em Itapejara d’Oeste, também no Sudoeste, 10 casas foram danificadas pela chuva e pelos ventos fortes.

Já em Toledo, na Região Oeste, uma granja de porcos na comunidade de Linha Guaçu, foi atingida por um raio na madrugada de ontem. Três animais morreram e outros 200 ficaram feridos. Técnicos irão analisar o estado de saúde dos animais e irão apontar se os suínos terão que ser sacrificados. No Sudeste do estado, o município de Irati sofreu com os alagamentos, que atingiram 3,5 mil pessoas na cidade e danificou 18 casas. Outros municípios prejudicados foram Boa Vista da Aparecida, Guarapuava, Imbituva, Piraí do Sul, Paranaguá, Prudentópolis e Salto do Lontra.

Estradas

O sistema viário do estado também foi prejudicado ontem pelas chuvas. A PR-092, uma das ligações entre Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul, estava completamente bloqueada por volta das 15h30 por causa da queda de barreira. A PR-427, no quilômetro 48, entre Lapa e Porto Amazonas, tinha pontos de alagamento. Nos Campos Gerais, a PR-151 foi interditada no quilômetro 303 por causa do transbordamento de um rio. Já em Irati, na Região Centro-Sul, a PR-364 apresentava alagamento na pista nos quilômetros 97 e 100. Na BR-116, próximo da divisa com São Paulo, houve queda de barreiras e a estrada operava em meia pista em alguns trechos – nos dois sentidos.

  • Alertas de risco de desabamento foram declarados ontem em Ponta Grossa

A chuva constante que cai no Paraná desde o último fim de semana trouxe estragos a 19 cidades, deixou 1.380 desabrigados ou desalojados e afetou pelo menos 120 mil pessoas em todo o estado. No primeiro dia de agosto, o volume de água que caiu sobre Curitiba e Ponta Grossa superou as expectativas para todo o mês. Contudo, a previsão é de que as precipitações deem trégua hoje. As regiões metropolitana de Curitiba (RMC) e dos Campos Gerais foram as que mais sofreram com as tempestades, concentrando casos de alagamentos enxurradas e deslizamentos de terra.

Até o final da tarde de ontem, o município mais prejudicado era Cerro Azul, na RMC, que ficou isolado por causa da queda de uma ponte de 120 metros sobre o Rio Ribeira – que liga a cidade a Doutor Ulysses – e da cheia do Rio Ponta Grossa, que interditou a PR-092, outro acesso. A prefeitura se reuniu ontem à noite com a Defesa Civil para discutir que medidas tomar, pois a dependência entre os dois municípios é grande. "Não tem ligação por terra até Doutor Ulysses", disse o coordenador da Defesa Civil de Cerro Azul, José Nunes.

Ao todo, 280 pessoas estão desabrigadas, 70 casas foram danificadas e uma destruída em Cerro Azul. As famílias foram levadas para a Escola Municipal Padre Luciano. Além disso, outras 16.345 pessoas foram afetadas pelas consequências do temporal. Os números fazem parte do último balanço parcial da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, divulgado às 18h30 de ontem.

Outros municípios da RMC, incluindo a capital, também foram prejudicados pelas chuvas. Adrianópolis, Pinhais, Almirante Tamandaré, Rio Branco do Sul, Araucária, Campo Largo e Piraquara tiveram registros de casas destruídas ou danificadas que deixaram pessoas sem teto. Em Curitiba, entre os episódios mais graves, conforme a prefeitura, está o desmoronamento de uma casa desocupada no bairro de Santa Felicidade e um deslizamento de terra em um condomínio no bairro São Lourenço que fez com que a Rua Mateus Leme funcionasse apenas em meia pista.

Em Almirante Tamandaré, casas e estabelecimentos comerciais do centro da cidade foram invadidos pela água. A situação já é comum para os moradores da região. "Não precisa nem chover forte. É só ficar uma boa parte do dia assim, que a rua já enche", descreve Maxwell Fernandes, dono de um restaurante atingido pela cheia. Ele conta que as enchentes frequentes já estragaram refrigeradores e mobiliário. Ontem, no início da chuva, boa parte do equipamento foi para cima das mesas do restaurante.

Previsão

De acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), apenas ontem choveu mais que o esperado para todo o mês de agosto nas cidades de Curitiba e Ponta Grossa. Na capital, foram 85 milímetros (mm) de chuva, quando o esperado para o mês era de 73 mm. Em Ponta Grossa, a expectativa de 79 mm foi superada pelos 120,8 mm. No entanto, a previsão é de que a frente estacionária que esteve sobre o estado nos últimos dias deixe a região. As chuvas devem cessar hoje, podendo voltar apenas no final de semana.

240 mil casas ficam sem água em Ponta Grossa

Na região dos Campos Gerais, Ponta Grossa é um dos municípios paranaenses com mais pessoas afetadas pela chuva que se prolonga desde o fim de semana. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, a cidade contabiliza 95 mil habitantes prejudicados. As duas captações de água da cidade estão fora de operação por causa da chuva e diversos bairros da cidade sofrem com a falta d’água. Na captação de Alagados a queda de energia causou danos às bombas de sucção. Os sistemas de Pitangui ficaram inundados com a cheia do rio, danificando a rede elétrica.

Ao todo, segundo a Sanepar, 240 mil domicílios ficaram sem abastecimento. "Como a maioria das residências têm reservatório domiciliar que duram em média de 12 a 24 horas, as pessoas ainda não perceberam a falta de água", afirmou o gerente da companhia na região, Antonio Carlos Gerardi. Até as 19 horas de ontem, 70% do sistema de captação já havia sido restabelecido, mas a Sanepar orienta que a população use água com moderação já que o reabastecimento será gradativo.

A situação levou a Secretaria Municipal de Educação a suspender as aulas de hoje. Os alunos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) também estão sem aulas desde ontem. A decisão vale até o final desta manhã, quando a Reitoria definirá se retoma as aulas.

A Defesa Civil afirmou que 650 pessoas tiveram que deixar suas residências por causa de alagamento ou desabamento. Uma família com cinco pessoas dormia quando a casa de madeira de 42 metros quadrados foi arrastada por cerca de 150 metros durante um desabamento de terra na Vila Hilgemberg, em Ponta Grossa, à 1h30 de ontem. O estrondo acordou os vizinhos, que prontamente socorreram as vítimas. "Foi tudo muito rápido, só pude pedir que salvassem meus filhos", afirmou a dona de casa Euzi de Oliveira. Ninguém ficou ferido.

Risco

Depois do alerta da Defesa Civil sobre o risco de desabamento, o pedreiro José Jair Carlos e a esposa Elizabete Loures Carlos, moradores da Vila Coronel Cláudio, em Ponta Grossa, pegaram os filhos e se abrigaram no salão de festas da chácara de um parente. A mudança foi feita ontem mesmo, sob chuva. "Estamos com medo que a casa caia", disse Elizabete.

Colaboraram Fernanda Leitóles, Felippe Aníbal, Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo, e Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel.

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