O Ministério de Ciência e Tecnologia informou, nesta sexta-feira (16), que o regime de chuvas deve permanecer inalterado ao longo das próximas duas semanas em toda região Sudeste e Centro-Oeste. Para São Paulo, isso significa chuvas abaixo da média, mas com possibilidade de temporais na capital.
A previsão feita pelo grupo de Previsão Climática Sazonal do ministério - que inclui representantes do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas a Amazônia) e do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) - deveria apontar o cenário de chuvas para os próximos três meses.
Entretanto, por dificuldades de precisar as futuras mudanças climáticas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, essas previsões foram feitas para um período de apenas 15 dias."Não há como saber se a estação chuvosa manterá a tendência de seca, que vem sendo percebida desde outubro ou se ela vai se inverter", afirmou o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da pasta, Carlos Nobre.
Segundo ele, para os meses de fevereiro, março e abril, as pesquisas apresentam igual probabilidade das chuvas ficarem acima ou abaixo da média dos últimos 30 anos.Mesmo com resultado aquém do esperado, 2015 apresenta uma média de chuvas nessas duas regiões acima do percebido no mesmo período de 2014.
Enquanto as precipitações mais recentes atingem 65% da média histórica, em 2014 esse número não superou 50%.
TEMPESTADESJá as tempestades que podem atingir a capital de São Paulo se justificam na "ilha de ar quente" que se forma sobre a cidade.Seria uma espécie de balão de ar quente forte o suficiente para romper a atmosfera, causando chuvas violentas, com ventos fortes, queda de granizo e de descargas atmosféricas.Apenas em dezembro, o Cemaden fez 13 alertas para ocorrência de chuvas desse porte. "Essas pancadas muito fortes só podem ser previstas com minutos de antecedência. Por isso esses alertas não impedem que a gente veja imagens de carros boiando, rios transbordando. O importante é que podemos avisar a população para evitar essas áreas e preservar vidas", disse Marcelo Seluchi, meteorologista do Cemaden.
PREOCUPANTEÉ um consenso entre os técnicos do grupo de previsão climática que a situação de chuvas abaixo da média na região Sudeste e Centro-Oeste, ao menos pelos próximos 15 dias, é muito preocupante para a agricultura, restabelecimento dos níveis das usinas hidrelétricas e também do sistema Cantareira.
"Por falta de sorte nenhuma dessas pancadas de chuva tem acontecido em cima do sistema Cantareira", disse o secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia, Carlos Nobre.
Com o agravante que, para o fornecimento de água, os esquemas de compensação entre regiões, como é feito no sistema elétrico, são extremamente mais complicados.
No Norte e Nordeste as previsões são ainda piores e consideradas mais preocupantes. Com pouco mais de previsibilidade, foi possível afirmar que os próximos três meses devem ser de chuvas abaixo da média. "O governo federal tem estado atento e não é de hoje. As nossas informações atingem todos os níveis de governo e dão instrumentos para os tomadores de decisão", afirmou o secretário. "Estamos vivendo um momento climático ímpar, de extremos, em diferentes partes do Brasil, com enormes impactos na economia e na sociedade", completou.