Balanço consolidado hoje pela Defesa Civil do Estado com informações de 16 municípios mostra que a enxurrada na serra fluminense já deixou 25.114 pessoas desabrigadas (12.293) ou desalojadas (12.821). Após 13 dias de buscas, o número oficial de mortos chegou a 814. Havia ainda 513 desaparecidos, segundo lista nominal divulgada pelo Ministério Público do Estado, que checa informações registradas por parentes e amigos com dados de hospitais e do Instituto Médico Legal (IML).

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A demolição de casas em áreas consideradas de risco começou hoje. O local escolhido foi o bairro Alto Floresta, em Nova Friburgo, o município com maior número de mortos (394). Houve resistência. Construções condenadas, que ficaram à beira do abismo aberto pela chuva no dia 12, foram marcadas com tinta laranja. Das 18 demolições previstas para hoje, apenas duas haviam ocorrido até o início da tarde. Técnicos aguardavam a chegada de assistentes sociais. O governo estadual oferece a moradores desses locais R$ 500 por mês - o chamado aluguel social - até a construção de um novo imóvel pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida. As outras opções são indenização pela casa derrubada (valores não divulgados) e a chamada "compra assistida" de um novo imóvel.

O vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, afirmou que o governo planeja construir oito mil unidades habitacionais para vítimas da tragédia que se encontram em abrigos e famílias que ocupam áreas de risco. Segundo ele, locais como o Alto Floresta serão recuperados e reflorestados "para evitar novas ocupações". Está prevista para amanhã uma reunião com a secretária nacional de Habitação, Inês da Silva Magalhães, para definir a participação do governo federal no plano de reconstrução das cidades. De acordo com o vice-governador, a presidente Dilma Rousseff deverá anunciar na próxima quinta-feira, em visita ao Rio, "mais ajuda para a construção de unidades habitacionais".

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Sem licitação

Construtoras ligadas ao Minha Casa, Minha Vida comprometeram-se a doar duas mil casas, segundo Pezão. Ele pediu aos construtores que apresentem projetos até esta quarta-feira para a elaboração de um plano diretor e disse que 30 geólogos e mais de 200 engenheiros estão colaborando com os estudos de reconstrução. Alguns terrenos foram escolhidos para os novos condomínios. "É fundamental a utilização dos 180 dias em que a cidade está sob o regime de calamidade pública para o emprego de tudo o que for necessário para as obras emergenciais", disse o vice-governador. Não haverá licitação.

O Estado também aguarda recursos do Banco Mundial. Segundo Pezão será construído um parque ecológico de 20 quilômetros de extensão em Córrego Dantas, uma das áreas mais devastadas de Friburgo. O projeto prevê áreas de lazer, ciclovia e quadras esportivas. Em Teresópolis, deverá começar amanhã a montagem de uma ponte metálica do Exército, no distrito de Sebastiana, para acesso a comunidades que ficaram isoladas. A ponte também é essencial para o escoamento de hortigranjeiros da área rural.