A chuva que atingiu ontem diversos municípios da Região Oeste e Sudoeste não foi suficiente para amenizar a estiagem que atinge essa área do Paraná. Com mananciais secos, a população de Barracão, no Sudoeste, depende de caminhões-pipa para ter água em casa. Desde a última segunda-feira as crianças não frequentam as aulas na cidade, que passa por racionamento há dez dias. O município hoje é o mais afetado pela seca prolongada que também deixa dezenas de cidades em estado de alerta nas regiões Norte, Noroeste, Oeste e Sudoeste do Paraná.
Cidades gêmeas, Barracão e Dionísio Cerqueira (SC), limite com o município Bernardo de Irigoyen, na Argentina, são abastecidas pelos rios Toldo e Melancia, situados no lado catarinense. Ambos estão praticamente secos, o que faz desta a pior estiagem vivida pelos moradores, desde 1976.
Para amenizar o problema, a empresa responsável pelo fornecimento de água nas duas cidades, a Companhia Catarinense de Água e Saneamento (Casan), está fornecendo água para os moradores a cada 24 horas.
O vice-prefeito de Barracão, Erondi Faé, diz que, se situação não melhorar, os moradores só terão água em casa a cada dois dias e será decretado estado de calamidade pública. Todos os eventos públicos estão suspensos no município. "Temos que pegar água em açudes para levar para a estação de tratamento", diz. Pelo menos 1,1 mil alunos das escolas estaduais e 930 das municipais deixaram de frequentar as aulas. Dois postos de saúde estão fechados.
Enquanto a chuva não chega, os moradores fazem o que podem. A Sanepar está enviando caminhões-pipa com cerca de 50 mil litros de água ao dia captada de Santo Antônio do Sudoeste para suprir as necessidades básicas dos moradores. A Casan providenciará pelo menos mais quatro caminhões. A água será tratada para ser distribuída à população.
Na área rural, as propriedades com poços artesianos conseguem se manter. Os agricultores que não têm poços abrem valas na terra e forram com lonas plásticas para encher de água.
O chefe regional da Casan, Marcelo Roth, diz que a estiagem atinge as duas cidades desde novembro do ano passado. O déficit hídrico chega hoje a 800 milímetros. Apesar da previsão do Instituto Tecnológico Simepar apontar pancadas isoladas para este fim de semana, a chuva deve chegar com força apenas em maio.
Interior
Em outras regiões do Paraná, a estiagem deixa municípios em estado de alerta. A Sanepar considera em estado de alerta cidades cujos mananciais ainda têm água suficiente para o abastecimento, mas que podem ficar comprometidos caso não haja chuva nos próximos 10 dias.
Nas regiões Norte e Noroeste, as cidades mais atingidas são Umuarama, Arapongas, Santo Antônio da Platina, Cornélio Procópio e Londrina onde alguns poços artesianos já sentem a falta de água. Pelo menos um terço da cidade de Londrina é abastecida por poços.
No Sudoeste, além de Barracão, Dois Vizinhos, Santa Izabel do Oeste, Nova Prata do Iguaçu e Ampere estão em estado de alerta.