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Menino observa o estrago causado pela chuva no bairro Boqueirão | Daniel Caron/ Gazeta do Povo
Menino observa o estrago causado pela chuva no bairro Boqueirão| Foto: Daniel Caron/ Gazeta do Povo

Alto Boqueirão

Temporal arranca pedaços de asfalto

A força da chuva de ontem, que fez um córrego no Boqueirão transbordar, também arrancou placas de asfalto na Rua Tenente Tito Teixeira de Castro, no mesmo bairro. "Nunca tinha visto isso. Parece que um terremoto ocorreu na frente da minha casa", contou o fotógrafo Paulo Merikita, que mora há dois anos na rua.

A água só não entrou na casa de Paulo porque a construção foi feita 1,20 metro acima do nível. Segundo o fotógrafo, o córrego subiu rapidamente e o asfalto parecia papel, sendo levado pelas águas. Algumas placas foram parar em cima de uma ponte na Rua 25 de Agosto.

Além deste caso, um buraco causou a interdição de uma faixa da Rua Desembargador Westphalen, próximo do cruzamento com a Avenida Visconde de Guarapuava, no Centro. Outros cinco pontos de alagamentos, localizados sobretudo na região Sul, foram registrados por operadores da Secretaria de Trânsito.

Segundo o meteorologista Samuel Braun, do Simepar, uma frente fria avançando no Oceano favoreceu a formação de chuva entre o Paraguai e o Sul do Brasil, incluindo o temporal que atingiu Curitiba.

Alerta demorou a ser acionado em Teresópolis

Folhapress

A Defesa Civil de Teresópolis teve dificuldade para acionar as sirenes de alerta de chuvas no temporal de sexta-feira, que deixou cinco mortos e 994 desabrigados. As sirenes foram instaladas depois que enchentes e deslizamentos de terra mataram 390 pessoas em Teresópolis, em janeiro de 2011. Ao ouvir o alarme, a população deve ir a abrigos indicados pela prefeitura.

O secretário de Defesa Civil de Teresópolis, coronel Roberto Silva, disse que houve queda no sinal de internet 3G pelo qual ele monitora os pluviômetros instalados nas comunidades e liga as sirenes, que não têm sistema automático de acionamento. O secretário diz que procurou se comunicar por celular com voluntários treinados para acionar as sirenes pessoalmente, mas em alguns locais os telefones não funcionavam.

Foi preciso enviar veículos do órgão para acionar o alerta sonoro nas comunidades Quinta Lebrão – onde uma pessoa morreu – e Vale da Revolta. "Mesmo assim, se não fossem as sirenes, o desastre teria tido proporções muito maiores", afirmou Silva. No final, diz, foram acionadas todas as 14 sirenes de locais onde havia risco (o total instalado é de 20). Silva disse que a Defesa Civil já começou a instalar internet por fibra ótica e rádio em locais onde o sinal 3G é mais fraco.

Em quatro horas na sexta-feira, o volume de chuva foi de 160 mm, o esperado para todo o mês de abril. Segundo a Defesa Civil, foram registradas 50 ocorrências, das quais 20 eram deslizamentos. No total, 160 casas foram interditadas.

  • Alcione da Silva quase perdeu o neto de 2 anos na inundação

Móveis e eletrodomésticos danificados, colchões encharcados, casas quase inabitáveis, 50 mil unidades sem luz, cinco pontos de alagamentos e um buraco em uma das principais ruas no Centro de Curitiba. Esse cenário foi o resultado de duas horas e meia de chuva torrencial na tarde de ontem, na capital. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, choveu nessas poucas horas 35 milímetros, o equivalente a um terço do previsto para o mês inteiro de abril.

FOTOS: Veja imagens da chuva

VÍDEO: Assista ao vídeo com depoimentos dos moradores do Boqueirão

Os bairros mais afetados foram Centro, Xaxim, Boqueirão e Alto Boqueirão. Em São José dos Pinhais, no bairro Cidade Jardim, também houve registro de alagamento.

Além dos danos materiais, a água quase levou vidas nas inundações. Na Vila Nova, no bairro Alto Boqueirão, Alcione Martins da Silva, 49 anos, quase perdeu o neto Cauã, 2, na inundação. Cauã estava dormindo no sofá, quando o córrego conhecido por "Valetão" subiu e inundou a casa. Segundo Alcione, a criança estava sendo levada pela água quando seu pai conseguiu pegá-la. "A vida aqui não é fácil. A gente mora aqui porque não tem escolha", explica.

Do outro lado do ribeirão que corta a Vila Nova, Tereza Freitas, 60, não conseguia segurar o choro ao ver toda sua casa cheia de lama e molhada. "Perdi tudo que tinha", lamenta. Ela e a irmã quase se afogaram também. Quando a altura da água já passava o pescoço das duas, o sobrinho delas, André Luiz Farias, de 21, conseguiu resgatá-las. Depois de nadar até a casa das tias, André abriu a janela do quarto dos fundos da residência para retirá-las.

Segurança

Até o início da noite de ontem, a Fundação de Ação Social (FAS), a Guarda Municipal e uma representante da Pastoral da Criança tentavam convencer famílias a deixarem suas residências, sem muito sucesso. Os órgãos faziam um levantamento para saber quantas famílias precisariam de lona ou de um local seguro para ficar. Durante a chuva, o Corpo de Bombeiros esteve na Vila Nova para resgatar moradores ilhados. "Se sairmos daqui, roubam tudo", explica a auxiliar de produção Simone Aparecida Naiser, negando a possibilidade de ir para um abrigo.

Simone é moradora da Rua Laranjeiras do Sul, na Vila Hortência, no Alto Boqueirão, vizinha de outras duas localidades prejudicadas pela tempestade, a Vila Nova e Jardim Pantanal. A Rua Laranjeiras do Sul também ficou submersa. Com baldes e rodos, adultos e crianças se ajudavam na limpeza. "A gente ergue o que pode", conta Simone. No terreno dela moram dez crianças e sete adultos em duas casas. Tudo foi inundado.

Rios

No Boqueirão, as ruas Tenente Tito Teixeira de Castro e 25 de Agosto viraram rios. Nas duas localidades, famílias passaram o domingo de Páscoa limpando os estragos da enxurrada e tentando superar mais um trauma causado pela inundação.

Cerca de 20 casas foram atingidas e também um córrego que transbordou. Para o casal Alan Francisco Pereira, 24, e Adriana Maria Lopes, 21, o prejuízo foi duplo. A água invadiu a casa, onde também funciona uma sorveteria, e a construção vizinha, que pertence à avó de Alan. "Temos um prejuízo material e moral, porque esse terreno é nosso e pagamos impostos caros", argumentava Adriana, enquanto limpava a entrada de casa.

Colaborou Daniel Caron

VIDA E CIDADANIA | 1:19

A chuva que caiu neste domingo deixou várias casas inundadas no Boqueirão e Alto Boqueirão

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