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O lavrador Nelton Costa voltou com a família ao que sobrou de sua casa, em Floresta, para recuperar roupas | Angel Salgado
O lavrador Nelton Costa voltou com a família ao que sobrou de sua casa, em Floresta, para recuperar roupas| Foto: Angel Salgado

Estrada

BR-376 tem risco de ser interditada

Ontem, a BR-376, que liga o Paraná a Santa Catarina, corria o risco de ser fechada a qualquer momento por causa da forte chuva que caía sobre a rodovia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), há risco de novos deslizamentos nas pistas. A orientação aos motoristas era para que evitassem a rodovia e optassem por trafegar pelas BRs 277 e 116. "Se for necessário, a PRF vai interditar a BR-376 antes que ocorram deslizamentos, para preservar a segurança de motoristas e pedestres", afirmou o inspetor Wilson Martines, da PRF. Por volta das 19h30 de ontem, a estimativa da PRF era de que os motoristas levassem até 2h30 para descer a Serra do Mar. Antes de seguir viagem, o motorista deve se informar sobre a condição da estrada por meio do telefone 191 ou pelo Twitter do órgão (www.twitter.com/PRF191PR).

A chuva que cai sobre municípios do litoral paranaense desde domingo passado tem preocupado moradores da região com a possibilidade de novas tragédias. Um princípio de desmoronamento de terra na madrugada de ontem, em Morretes, obrigou oito famílias a deixarem suas casas na zona do Morro Alto. Em Antonina, segundo a Mineropar, que tem avaliado a situação geológica da região, foi recomendada a evacuação de 30 casas do bairro Caixa d’Água pela Defesa Civil para evitar que os moradores fossem atingidos por novos deslizamentos. Mais de 100 pessoas tiveram de deixar suas residências nos últimos dias nas duas cidades.A chuva também tem prejudicado o trabalho de limpeza e desobstrução de acesso à localidade de Floresta, comunidade mais devastada pelas enxurradas no começo deste mês. Duas escavadeiras são usadas para abrir estradas e canais para dar vazão ao Rio Jacareí. Ape­sar dos esforços, 160 pessoas da comunidade seguem abrigadas em casas de parentes ou em escolas de Paranaguá e Morretes.

Os agricultores de Floresta também estão incertos quanto à retomada da atividade rural, já que a lama soterrou todas as plantações e o solo foi comprometido. Entre­tanto, os ruralistas receberam nesta semana a confirmação da linha de crédito de R$ 5 milhões a ser disponibilizada pela Agência de Fomento do Estado para a recuperação do setor no litoral. A medida, segundo o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Morretes, Haroldo Ferreira de Carvalho, é uma das alternativas do governo estadual para beneficiar os agricultores atingidos pelas chuvas. "Os juros serão de 0,25% ao mês e cada microempresário poderá sacar até R$ 30 mil", informou.

Casas e estradas

O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Mounir Chaowiche, confirmou ontem que o governo estadual construirá 700 unidades para os desabrigados dos municípios atingidos pela chuva. Das 700 casas, 650 já possuem destino identificado: 350 em Antonina, 170 em Paranaguá, 115 em Morretes e 15 em Guaratuba. "Esse número é a quantidade de residências que não poderão ser mais ocupadas", declarou o presidente da Cohapar.

Na próxima semana, representantes do governo estadual irão a Brasília solicitar ao Mi­­nistério das Cidades o valor de R$ 36 milhões para as construções. A previsão é de que as obras iniciem em maio.

Já a Companhia de Desenvol­vimento Agropecuário do Paraná (Codapar) deve acelerar o processo de recuperação dos acessos à região de Floresta. No total, serão seis equi­­pamentos (entre caminhões e escavadeiras) e 12 funcionários envolvidos no trabalho. A prioridade inicial, segundo o Depar­ta­mento de Engenharia Rural, foi o restabelecimento do acesso aos mananciais de abastecimento de água para Paranaguá. Nos próximos dias, Morretes terá toda a estrutura da Co­­dapar para os trabalhos em Floresta.

Dificuldades e preocupações

Mesmo com todas as dificuldades, os moradores de Floresta têm se revezado para proteger de saques o pouco que restou. Os desabrigados relataram roubos de botijões de gás nos dias seguintes dos deslizamentos. Em meio às preocupações, eles seguem à espera da ajuda dos governos e da solidariedade da população para amenizar os problemas causados pelas chuvas.

"Estamos psicologicamente exaustos, mas temos que nos apoiar em Deus e encarar a nossa realidade que é dura e desgastante", disse o lavrador Nelton Costa, 42 anos, que junto dos filhos e da esposa buscava na terça-feira o pouco de roupa que ainda era possível resgatar em sua casa tomada pela lama. "Não gosto de olhar para trás, pois o cenário da região onde morei por 25 anos é desolador. Aqui era tudo belo e verde, agora é tudo triste e cheio de lama", lamentou.

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