"Nome sujo" atrasa reconstrução de pontes destruídas há dois anos
Por mais que se esforcem, os moradores do Morro Inglês, em Paranaguá (Litoral do Paraná), não conseguem esquecer as enchentes de março de 2011, que isolaram a região e causaram muitos prejuízos.
Previsão do tempo
Sol volta a aparecer no Paraná, mas acompanhado do frio
Eloá Cruz, especial para a Gazeta do Povo
Depois de duas semanas de chuvas ininterruptas, o sol deve predominar nos próximos dias em todo o Paraná. De acordo com informações do Instituto Tecnológico Simepar, o tempo volta a ficar seco e estável a partir de hoje por causa da chegada de uma massa de ar frio, que atinge todas as regiões do estado. Em contrapartida, as temperaturas vão cair, principalmente no Centro-Sul do estado.
Na região de Palmas, União da Vitória, Guarapuava e Lapa, há possibilidade de geada entre hoje e amanhã. De acordo com o meteorologista do Simepar Reinaldo Kneib, o frio mais intenso será registrado no início da semana e as temperaturas devem aumentar no fim de semana, quando a massa de ar frio perde força. Ontem, de acordo com as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital registrou a tarde mais fria do ano, até agora, em Curitiba: 12,8°C.
Segundo Kneib, a umidade ainda presente na atmosfera pode deixar o céu nublado na região de Curitiba hoje de manhã, mas o tempo deve abrir no decorrer do dia.
Um quarto dos municípios paranaenses notificou problemas causados pelas chuvas que castigam o estado desde o último dia 19, segundo o último boletim da Defesa Civil, divulgado às 19 horas de ontem. As ocorrências mais comuns são enxurradas, alagamentos, deslizamentos de terra e erosão. Duas pessoas morreram (em Laranjeiras do Sul) e dez ficaram feridas. Ao todo, 109.509 pessoas foram afetadas em 100 município. Desses, 59 declararam situação de emergência. O decreto possibilita o acesso a recursos federais para investimentos em recuperação de infraestrutura e de socorro aos moradores atingidos.
Em União da Vitória, no Sul do estado, o Rio Iguaçu chegou a 6,65 metros de altura no final da tarde de ontem. A altura média do rio nessa região, em dias normais, é de 2,5 metros. Na cidade, a Defesa Civil contabiliza 285 pessoas desalojadas (que estão em casa de parentes e amigos) e 87 desabrigadas (que foram para abrigos públicos) em todo o Paraná, são 1.314 desalojados e 1.069 desabrigados.
INFOGRÁFICO: Veja o balanço dos estragos pelo estado
FOTOS: Veja slideshow com imagens de União da Vitória
A auxiliar de serviços gerais Roseli da Graça Santos, 52 anos, está abrigada há quatro dias no Estádio Municipal Antiocho Pereira. Ao lado, do marido, dois filhos e três netos, ela foi obrigada a deixar sua casa no bairro Navegantes. "A água começou a subir e não tivemos mais como ficar lá", relata. Ela conseguiu salvar algumas peças de roupa, o fogão, a geladeira e um aparelho de televisão. "Depois que a água abaixar eu vejo o que sobrou", lamenta.
Moradora do mesmo bairro, a aposentada Arlete Ramos Berton, 60 anos, acompanha com atenção o aumento do volume de água no rio, mas por enquanto não precisou deixar a sua residência. "A minha casa é um sobrado, então o perigo é menor. É claro que temos medo, mas aprendemos a viver desse jeito", revela. Segundo ela, quase todos os moradores da localidade têm barcos para quando ocorrem as cheias do Iguaçu. "Não tem outro jeito de se locomover quando a situação fica desse jeito", ressalta.
A manicure Ivonete Mazur, 40 anos, é uma das voluntárias que em períodos de enchente procura ajudar os moradores de União da Vitória. "Tenho que auxiliar os meus companheiros", diz.
Rodovia
A chuva também compromete o acesso a União da Vitória. A BR-476 (Rodovia do Xisto) segue interditada para caminhões no quilômetro 329, entre as cidades de Paula Freitas e Paulo Frontin, desde o último dia 21. Parte da pista cedeu e uma cratera dificulta o tráfego. Máquinas e operários trabalham no local para recuperar a estrada, mas não há prazo para a conclusão da obra. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, carros de passeio já conseguem cruzar o trecho sem precisar usar o desvio. Ao todo, nove estradas do estado seguem interditadas total ou parcialmente devido a alagamentos ou queda de barreiras.
Oito cidades catarinenses na região da divisa com o Paraná também decretaram situação de emergência por causa das cheias no Rio Iguaçu (veja infográfico). Segundo a Defesa Civil, 600 famílias precisaram sair de casa por causa de alagamentos e deslizamentos de terra nessas cidades. Elas estão em abrigos públicos ou casas de parentes.
Mortes, prejuízos materiais e perdas financeiras
William Kayser e Karen Faccin, da Gazeta Maringá
As duas mortes registradas no Paraná por causa da chuva ocorreram em Laranjeiras do Sul, no Sudoeste do estado. Mãe e filha morreram soterradas no último dia 21. A família morava nos fundos da empresa Galpão Agropecuário, localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida. Marisa Terezinha Negrelli e Marcela Negrelli Azevedo, de 4 anos, não conseguiram escapar quando a encosta que fica próxima ao local deslizou. O pai, Celso Azevedo, saiu pela porta segundos antes do deslizamento porque o cachorro da família estava latindo muito. A prefeitura da cidade calcula R$ 3 milhões em prejuízos.
Em Douradina, no Noroeste do Paraná, os produtores rurais calculam o prejuízo. "Nosso município teve perda de estradas, gado, arroz, ovinos, equinos. Foram 25 mil sacos só em uma empresa", disse o prefeito José Carlos Pedroso. A propriedade do pecuarista Maurício Brey tem 552 alqueires e margeia o Rio Ivaí, cuja vazão está acima do normal. "Morreram pelo menos 2 mil bois. Perdi tudo o que eu tinha em casa. Todas as papeladas de estoque e contabilidade da fazenda, além de rações e os quatro tratores, que estão embaixo dágua", conta.
Em Ivatuba, também no Noroeste, 51 casas foram danificadas muitas delas inundadas pelas águas do Ivaí. A casa onde moram os pais da gerente bancária Michele Tauscheck foi uma das atingidas pelo alagamento. O terreno tem 5 mil metros quadrados e fica a 150 metros da margem do rio. Mesmo assim, Michele contou que a água ficou a um palmo do telhado. "Nossa casa ficou embaixo da água", disse. "Não tem nem como calcular o prejuízo. Perdemos eletrodomésticos, louças, roupas, armários. Temos uma piscina que foi atingida, além dos bichos que entraram dentro de casa."
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