Curitiba e Foz do Iguaçu - Cerca de 70 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas que atingem o Paraná desde a noite de quinta-feira, 45 mil delas em Curitiba. Segundo a Defesa Civil, pelo menos 5,6 mil pessoas tiveram de deixar suas casas em todo o Paraná. São 4,8 mil desalojados (que foram para as casas de familiares ou amigos) e 800 desabrigados (encaminhados a abrigos públicos ou improvisados), em 24 municípios. Cerca de 1,8 mil casas foram danificadas. Em Curitiba não havia desabrigados até a noite de ontem, segundo a Defesa Civil. Uma pessoa está desaparecida na capital.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o rapaz de 23 anos andava sobre as tubulações da Sanepar no Rio Atuba, no Bairro Alto, na divisa com Pinhais, quando foi levado pela enxurrada. As buscas foram suspensas no início da noite e serão retomadas na manhã de hoje. Os bombeiros mantiveram um monitoramento por terra, nas margens do rio, durante a noite.
Bairro Alto, Boa Vista e Atuba foram os bairros mais atingidos em Curitiba. Cerca de 140 casas ficaram alagadas. Às 8 horas da manhã, as casas da Rua Alegria, no Atuba, ficaram alagadas por causa da cheia do Rio Atuba. "Alguns moradores estão ilhados e há casas em que a água chega até a porta", disse a moradora Márcia Gabriela Moreira.
Estado de emergência
Na região metropolitana de Curitiba os municípios mais atingidos foram Almirante Tamandaré, Araucária, Colombo, São José dos Pinhais, Pinhais, Rio Branco do Sul e Campina Grande do Sul, que tiveram casas inundadas e árvores derrubadas. Em Pinhais, a prefeitura decretou estado de emergência e preparou quatro abrigos. Em cerca de 24 horas choveu 140 milímetros no município a média para o mês de abril é de 125 milímetros.
A prefeitura trabalha com a hipótese de fazer a dragagem do Rio Palmital, ao longo do bairro Jardim Cláudia, o mais atingido. Mas, segundo a prefeitura, os alagamentos teriam ocorrido mesmo que a dradagem já tivesse sido feita, por causa da quantidade de chuva.
Em Colombo, cerca de 1,1 mil casas foram afetadas. No início da noite, moradores do bairro Rio Verde bloquearam o km 120 da BR-476, nos dois sentidos da rodovia, durante duas horas. Eles pediram mais assistência do poder público para os atingidos.
Chuva recorde
No interior do estado, uma das situações mais críticas foi registrada em Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado. Nos últimos dois dias choveu o equivalente a 243 milímetros na cidade, quase o dobro da média histórica para todo o mês de abril. A tempestade que afetou mais de 3,5 mil moradores danificou 280 casas, deixou 400 pessoas desabrigadas e outras 450 desalojadas. Os rios Lonqueador e Marrecas transbordaram e a água invadiu mais de 600 casas em quatro bairros. Em Palmas, no Sul do estado, 100 pessoas permaneciam desalojadas e 40 desabrigadas ontem.
Em Cascavel, no Oeste, o temporal danificou mais de 80 casas. Segundo a Defesa Civil, durante a noite os ventos passaram de 100 km/h. Árvores foram derrubadas e um rapaz de 20 anos ficou gravemente ferido ao ser atingido por um portão. Até o início da tarde, a Defesa Civil do município havia distribuído 4,8 mil metros de lona para cobrir casas destelhadas.
O aeroporto de Cascavel ficou fechado durante todo o dia. Pelo menos 80% da cobertura do terminal de passageiros foi arrancada. O vendaval chegou a deslocar uma aeronave estacionada no pátio e destruiu parte da estrutura do posto de bombeiros. Os atendimentos da Defesa Civil se concentraram na área que vai do Aeroporto Municipal aos bairros que margeiam a rodovia BR-277. Em Santa Tereza do Oeste, dois barracões foram destruídos. Em Vera Cruz do Oeste, 9 mil pessoas foram atingidas.
Previsão
As chuvas devem continuar no fim de semana. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, hoje as chuvas serão moderadas, mas amanhã haverá pancadas mais fortes no litoral e a na região Oeste. Desde a noite de quinta-feira, o volume de chuva em Curitiba foi de 65 milímetros, mais da metade do volume previsto para o mês, que é de 100 mm. Pinhais registrou o volume chegou a 150 milímetros. Na segunda-feira, uma nova frente fria chega ao estado, trazendo mais chuvas. Em seguida, uma massa de ar frio deverá reduzir as temperaturas.