Até a última sexta-feira havia chovido em Londrina, no Norte do Paraná, desde o dia 1º de agosto, exatamente o dobro da média histórica do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) para o mês nos últimos 30 anos. A média para agosto é de 65 milímetros e, até a tarde do dia 15, o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) havia registrado 130 milímetros de chuva. Tanta chuva é decorrente de sucessivas frentes frias que se formam mais ao Sul do Brasil e avançam em direção às regiões Sudeste e Centro-oeste, passando pelo Paraná. Essas frentes frias estacionárias, conforme explicou a meteorologista do Simepar, Sheila Paz, estão dentro da normalidade. "Essa chuva não é esperada para o mês de agosto, mas também não é um fenômeno anormal. Teremos o inverno típico ainda até setembro, com mais frio e tempo mais seco. Para isso, é necessário o ingresso de massas de ar mais frio no sistema", avaliou. Apesar das precipitações freqüentes, este não é o mês de agosto mais chuvoso da série história. No ano passado, por exemplo, foram registrados 232 milímetros de chuva no período, marca que, para o Simepar, dificilmente deve ser ultrapassa a deste ano.

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A Secretaria Municipal de Agricultura está realizando um levantamento para avaliar qual é a extensão dos prejuízos provocados pelo excesso de chuva nas plantações. Em Londrina há 25 mil hectares de plantações de trigo, que tem previsão de colheita em setembro e deve ser a cultura mais afetada. "A perda no trigo ocorre pelo acamamento da planta. Esta é a fase da formação de cachos e, com a chuva e o vento, os cachos deitam, chegam a encostar no solo e apodrecem. Mesmo o cacho que não deita pode ser afetado por doenças fúngicas devido a umidade e temperaturas amenas", afirmou.

Outra cultura que pode sentir os efeitos da chuva é o milho safrinha, cuja colheita começou um mês atrás. A colheita é feita por máquinas, e o solo precisa estar seco. Na impossibilidade de serem colhidas, algumas espigas são atacadas por fungos.

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Segundo a gerência da Central de Abastecimento (Ceasa), algumas leguminosas e hortaliças já apresentaram alta nos preços. O preço do pé de rúcula na Ceasa foi para R$ 1,50, aumento de 33%. Já o quilo da abóbora está custando R$ 1,20, aumento também de 33%. O preço do cará aumentou 25% e o brócolis, o rabanete e a abobrinha verde tiveram alta de 20%. "Registramos o aumento com base nos preços praticados entre o dia 11 e 14 deste mês. Se a chuva permanecer, os preços devem aumentar mais ainda", disse Ismael Batista da Fonseca, gerente da Ceasa.

Morango

Na central o preço do morango ainda não teve alteração, mas os produtores já amargam perdas na produção. O agrônomo e produtor Rafael Kasuia teve de deixar de participar da Feira do Morango devido a perdas que chegam a 40% da produção. "Essa chuva em plena safra causa um problema sério de fungos e o fruto estraga no pé. Às vezes no pós colheita, quando a fruta já está embalada, a umidade estraga o fruto", explicou.